A coordenadora do horto na UFC, Mary Anne Bandeira (Foto: Mateus Dantas) |
A
gente aprende que ouvir vem em primeiro lugar. E é assim, ouvindo, que se
produz ciência no projeto Farmácia Viva, da Universidade Federal do Ceará
(UFC). Por meio do saber popular e dos usos das ervas medicinais, o programa
acadêmico atua catalogando, distribuindo e ensinando o melhor preparo
fitoterápico de cada erva. A premissa é dar de volta à comunidade o saber
produzido por ela mesma.
“O
primeiro passo para esses estudos científicos são os estudos etnobotânicos e
etnofarmacológicos”, cita Mary Anne Bandeira, coordenadora do projeto Horto de
Plantas Medicinais da UFC. As pesquisas consistem em, antes, saber quais
plantas medicinais estão no arsenal terapêutico familiar, qual a parte da
planta indicada, como as comunidades as usam, como se faz o chá, as doses
utilizadas, entre outros conhecimentos.
Mary
Anne salienta que, normalmente, esse tipo de trabalho é acompanhado por uma
atividade de botânica. “Além de levar informações sobre o uso correto e o uso
terapêutico de cada espécie, a certificação botânica é fundamental porque a
gente sabe que as plantas se parecem bastante”, explica. Além da certificação
de cada planta, ela conta que é feito um estudo das propriedades e da
funcionalidade atribuída a ela no tratamento clínico.
O
projeto, que nasceu em 1983 pelas mãos do farmacêutico-químico Francisco José
de Abreu Matos, hoje conta com sede em quase todos os municípios do Ceará. Nos
locais, além de espécies certificadas, são dadas informações corretas de uso e
dosagem. “A gente leva à risca o que o professor Matos ensinou: antes de
ensinar o uso correto dessas plantas, a gente observa o indivíduo que faz o
uso, seu contexto social, econômico, de saúde... A gente nunca deve subestimar
a sabedoria popular porque aí que está a grande riqueza”, ensina.
No
Horto de Plantas Medicinais da UFC estão catalogadas 134 espécies. Destas, o
Comitê Estadual de Fitoterapia selecionou 30 espécies que atendem com maior
segurança e eficácia terapêuticas os dados epidemiológicos da população.
Além
dos cheiros e cores, em um passeio rápido pelo horto é possível se deparar com
diversas espécies que já fazem parte da cultura cearense: capim santo, boldo,
alfavaca, malva santa, mastruz, colônia, anador e mais uma quantidade generosa
de ervas com diversas funções fitoterápicas.
“Não
é uma medicina de pobre, é uma medicina embasada pela comunidade científica”,
defende Mary Anne. E conclui: “Se a comunidade tem acesso a essas informações e
a esse material botânico vegetal, então ela tem um medicamento seguro na mão”.
Com
informações portal O Povo Online
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