Poucas
coisas são tão erráticas na política do Ceará quanto a trajetória do Pros. O
partido muda de lado e de orientação política sem constrangimento ou cerimônia.
É uma carcaça burocrática, que serve e se serve dos interesses passageiros de
políticos.
A
sigla ganhou relevância no Ceará em 2013, quando a família Ferreira Gomes e seu
séquito de deputados, prefeitos e vereadores a escolheu como abrigo ao
abandonar o PSB, por cujo controle tanto havia lutado. As brigas logo
começaram.
A
direção nacional chegou a sinalizar apoio a Eunício Oliveira (MDB) em 2014, em
disputa na qual o clã sobralense lançou Camilo Santana. Em conversas
reservadas, Cid Gomes fazia comentários desalentados sobre o Pros.
Com
a saída da família, assumiu o partido um aliado dos Ferreira Gomes. Odorico
Monteiro, petista de longa data, se tornou dirigente no Ceará. Essas
negociações funcionam assim: o que determina a força de um partido é o número
de deputados federais. É o parâmetro para calcular tempo de rádio e televisão,
dinheiro do fundo partidário.
Então,
esses partidos pequenos ou mesmo médios negociam a “propriedade” nos estados
como isca para deputados federais. Para uma bancada nanica como a do Pros, que
hoje tem seis deputados federais, um nome a mais, como Odorico, era ganho e
tanto.
Porém,
em maio do ano passado, o deputado migrou para o PSB, partido maior e mais
estruturado, que atendia às conveniências de Odorico do ponto de vista de
alianças. Agora, o partido se aproxima do PSDB no plano nacional e periga
complicar a situação do cearense.
Agora,
o Pros será entregue ao Capitão Wagner, que deixa o PR. Em dois anos e meio,
sai das mãos dos Ferreira Gomes para seu mais duro opositor.
O
que o Pros ganha com a filiação do capitão é evidente: a perspectiva de eleger
uma grande bancada. Recordista de votos para vereador e deputado estadual, ele
projeta arrastar grande bancada federal fala em eleger três federais e três
estaduais.
O
que não está claro é o que ganha o próprio Wagner. O PR é maior, tem mais
estrutura e tempo de TV. É mais valioso nas negociações de alianças. O capitão
fala de ter mais autonomia, mas nunca se soube de maiores problemas dele com o
partido.
Wagner
tem ambição política e não é muito provável que sua passagem pelo Pros seja de
longo prazo. O interesse imediato, todavia, também não é muito evidente.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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