Os pilares da oposição na campanha de 2016 (Foto: Mateus Dantas) |
O
veto do senador Tasso Jereissati (PSDB) a uma aliança com Jair Bolsonaro
(PSC-RJ) provavelmente deu ao Capitão Wagner (PR) o pretexto que queria para
desistir de concorrer ao Governo do Estado. Diante da falta de alternativas,
ele disse estar disponível. Mas, ao se deparar com as dificuldades, recuou. A
oposição cearense tem, ou tinha, três pilares: Tasso, Wagner e Eunício Oliveira
(PMDB). Nenhum deve concorrer ao governo.
Eunício
seria a primeira opção, uma vez que disputou o cargo em 2014. Porém, está
decidido a tentar a reeleição como senador e tratou de defender o nome de Tasso
para a disputa. Isso foi antes de se aproximar de Camilo Santana (PT). Hoje, é
aliado estratégico do governador, pelo menos administrativamente.
Tasso,
porém, trata de se esquivar. Nega intenção de ser candidato, após três
passagens pelo Governo do Estado. Resiste aos apelos dos aliados. E defende o
nome de Wagner na disputa. O capitão, por sua vez, queria Tasso na disputa.
Wagner
até admitiu concorrer, mas se deparou com a conjuntura inglória. Limitação de
palanque imposta por Tasso, falta de recursos, Eunício se debandando para o
lado governista, Camilo Santana com candidatura bastante estruturada. Também
desistiu.
O
fato é que, hoje, a oposição no Ceará está perdida, sem rumo, sem perspectiva.
Não tem candidato. Ou aposta numa novidade - quem sabe para construir um nome
pensando no futuro, mas sem chances reais na disputa - ou terá de convencer um
dos três caciques a mudar de ideia.
No
cenário de hoje, um resultado que não seja a reeleição de Camilo seria
surpreendente.
A
falta de rumo da oposição é inusitada. Em tese, nunca o bloco esteve tão bem
situado. Para começar, está no Governo Federal. Além disso, Eunício,
ex-opositor, é presidente do Senado. Tasso Jereissati é nome forte no PSDB
nacional e dirigiu o partido até um mês atrás. Mesmo assim, o grupo não
consegue organizar um projeto no Estado.
Esse
deslocamento entre a política estadual e o projeto nacional é incomum. Sempre
houve certo alinhamento no pós-redemocratização.
Para
lembrar:
Tasso foi eleito, em 1986, na fase de euforia do Plano Cruzado, no governo José Sarney (PMDB).
Tasso foi eleito, em 1986, na fase de euforia do Plano Cruzado, no governo José Sarney (PMDB).
Em
1990, Ciro Gomes não chegava a ser o candidato de Fernando Collor, mas era mais
próximo que o opositor Paulo Lustosa então no PMDB, que dirá do então petista
João Alfredo. Aquela, além de tudo, foi a última eleição estadual descasada da
disputa federal, realizada um ano antes, em 1989.
Em
1994, Tasso foi eleito junto com a ascensão de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB). Ambos foram reeleitos juntos.
Em
2002, Tasso elegeu Lúcio Alcântara, mas no sufoco diante da onda Lula que
impulsionou José Airton.
Em
2006, Cid Gomes se elegeu em parceria com o lulismo, e assim se reelegeu em
2010.
Em
2014, Camilo Santana venceu enquanto Dilma Rousseff (PT) era reeleita.
Nunca houve distanciamento tão grande entre o contexto nacional e o cenário estadual.
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