O
Brasil passa por um dos momentos mais graves de sua curta história democrática.
Os ataques aos direitos dos trabalhadores e aposentados, a venda de nossas
riquezas a preço de banana para empresas estrangeiras e o criminoso despejo de
recursos no poço sem fundo da dívida criam um cenário que, se não bem estudado
e tratado com vigor, pode comprometer de forma violenta o futuro do nosso País.
Em
2018, além da luta pela retomada da democracia, com a garantia de eleições
livres, precisamos celebrar um pacto por um projeto nacional de desenvolvimento
que una quem produz com quem trabalha para devolver ao povo a esperança de um
Brasil melhor.
Em
março de 2015, subi na tribuna da Câmara Federal para denunciar que a corrupção
e o achaque mandavam no poder central em Brasília e que um golpe era tramado
contra a democracia e o povo brasileiro. Ali, eu apontava não para a cara de um
deputado, mas para o símbolo do que corroía as instituições e a esperança de
todas e todos por um futuro melhor.
Infelizmente,
naquele momento, o governo brasileiro, eleito pela maioria do povo, sucumbiu à
chantagem e viu meses depois sua derrocada por meio de um golpe que levou 14
milhões de brasileiros ao desemprego e à aprovação de medidas absolutamente
hostis aos mais frágeis da nossa sociedade.
Para
agravar ainda mais a sensação de que bandidos subiram a rampa do Planalto, o
elo entre o vice-presidente conspirador e a parte do Congresso corrompida, o
ex-deputado Eduardo Cunha, o mesmo que enfrentei em 2015, foi preso pela
Polícia Federal.
Nesse
cenário, é preciso alertar, mais do que nunca, ao nosso povo, que este
ajuntamento de corruptos se prepara para
as eleições de 2018. Eles não vão querer largar o osso e usarão das piores
táticas para fraudar ou impedir um pleito justo. Cabe, portanto, a todos ficar
atentos e lutar para que o direto ao voto seja preservado.
Para
isso é preciso informar e discutir com a população seus reais problemas. Ciro
Gomes, que, mais do que meu irmão mais velho, é minha inspiração para a vida
pública, tem rodado o Brasil com palestras e debates em centenas de
universidades desvelando o que está por trás deste grave momento.
O
rentismo, exposto na sua forma mais cruel, traga recursos preciosos de áreas
prioritárias como saúde, educação, segurança e desenvolvimento para jogar no
poço sem fundo da dívida, que beneficia a pouquíssimas famílias.
Essa
distorção agrava um problema que nos parecia estar vencido: o da desigualdade.
Hoje apenas seis indivíduos concentram fortuna igual àquela de 100 milhões de
brasileiros, ou quase metade da nossa população. Não existe cenário semelhante
em nenhum outro país do planeta.
Para
além disso, forçam goela abaixo do nosso povo uma reforma trabalhista que
retira direitos e explora ainda mais nossos trabalhadores e trabalhadoras. Uma
reforma da Previdência que protege as regalias dos mais poderosos e amplia o tempo
de contribuição de forma criminosa aos mais vulneráveis. E a venda não acordada
com o povo brasileiro das nossas reservas de petróleo do pré-sal, que também
configura um crime que afetará diretamente nossos filhos e netos.
Mais
do que denunciar todos os crimes cometidos pelo governo central brasileiro, é
hora de debater o futuro do Brasil. Ciro tem apresentado um projeto nacional de
desenvolvimento que pretende mostrar ao povo brasileiro que existe saída para a
crise econômica que nos afeta há tanto tempo.
Cada
palavra de “projeto nacional de desenvolvimento” tem um significado muito
forte.
“Projeto”
é um conjunto de metas para as quais devemos estabelecer prazos, métodos,
avaliação e controle. Pressupõe recuperar a capacidade de planejamento do País.
O Estado deve coordenar tal projeto e, para tanto, precisa de capacidade de
planejamento e da capacidade de unir trabalhadores, empresários da produção e
academia.
Por
“nacional” entende-se que não há um modelo universal a ser seguido, pois as
condições de empreender são dramaticamente nacionais e não globais. O projeto
de desenvolvimento deve ser adaptado à nossa realidade, destacando crédito,
incentivos e parceria entre um Estado empoderado e uma iniciativa privada
forte.
No
que diz respeito ao “desenvolvimento”, devemos trabalhar pelo aumento da
riqueza produzida, das capacidades e habilidades do povo, além de suas
condições de vida e felicidade. Para isso é preciso romper com os mecanismos de
dependência, exercitar justiça social, garantir boa distribuição de renda e
prover serviços públicos de qualidade.
Para
a crise imediata, Ciro Gomes destaca três linhas de ação: 1. Consolidar o
passivo privado, resolvendo rapidamente o problema do endividamento das
empresas brasileiras, sob pena, entre outras coisas, de aumentar o desemprego.
2. Sanear as finanças públicas e voltar a investir nas áreas mais importantes,
como, por exemplo, infraestrutura e moradia. 3. Diminuir o desequilíbrio
externo, buscando fortalecer a indústria brasileira em uma clara política de
substituição de importados que contam com patente vencida e pelos quais o Estado
brasileiro já gasta anualmente o suficiente para fomentar empresas nacionais
com compra governamental.
Como
exemplo, quatro grandes complexos industriais: petróleo e gás e bioenergia,
complexo industrial da saúde, complexo industrial do agronegócio e complexo da
defesa.
Para
além da área econômica e de desenvolvimento, Ciro tem se aprofundado em
questões sensíveis, como segurança, saúde e educação. No primeiro tópico, não
serão frases de efeito que resolverão o problema. É preciso reunir a
inteligência brasileira, comparar com experiências internacionais e rever
nossas práticas para devolver ao povo brasileiro a sensação de segurança e para
que possamos voltar a ocupar as ruas sem medo.
Na
saúde, é preciso incrementar o investimento em todos os níveis e estimular cada
vez mais a interface na rede pública. Na educação, o Ceará tem servido de
exemplo para todo o Brasil. Hoje, 77 das 100 melhores escolas no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) são cearenses. A cidade com o melhor
índice do Brasil é Sobral, no sertão cearense. Toda essa conquista começou
ainda no início da década de 1990, quando Ciro Gomes foi governador do estado.
Tudo
isso só será possível com um governo legitimamente eleito e empoderado pelo
povo. Todas as propostas devem ser apresentadas de forma comedida e
transparente nas eleições para não iludir nem enganar os eleitores.
A
tarefa de garantir uma eleição na qual os problemas verdadeiramente urgentes da
nação brasileira sejam discutidos também deve ser ponto de atenção comovida de
todos nós. Os setores conservadores tentarão anular o debate necessário e
jogarão com questões moralistas. Portanto, é fundamental projeto, debate,
atenção e luta.
Publicado originalmente no
portal Carta Capital
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