Sede do Tribunal Regional do Trabalho em Fortaleza (Foto: Arquivo do BA) |
O
antes e depois da reforma trabalhista já podem ser contabilizados nas 37 varas
do Trabalho no Ceará. Enquanto que, em outubro de 2017, foram 7.952 novos
processos na Justiça, em dezembro, um mês após a entrada em vigor das mudanças,
o número de novas ações caiu para 3.450, uma retração em torno de 57% quando
comparados os períodos.
Já
a quantidade de processos protocolados nas varas, segundo dados do Tribunal
Regional do Trabalho da 7ª Região (TRT7), sofreu forte redução, passando de
25.742 em novembro, quando a reforma passou a valer, para menos da metade
(10.961) em dezembro de 2017. Foi um recuo de 57,41%.
Entre
operadores do Direito juristas, discute-se que a reforma trabalhista teria,
direta ou indiretamente, reduzido o número de ações trabalhistas. Outros
avaliam que ainda é cedo para dizer o real impacto das regras no mercado de
trabalho brasileiro, porque o ano ainda mal começou.
Segundo
o presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho da 7ª Região (Amatra 7),
juiz Antonio Gonçalves Pereira, antes da vigência da lei, muitos advogados
ingressaram com o estoque de ações, provocando um incremento.
Mas
ele pondera que, hoje, os advogados já estão esperando, porque não querem
correr risco por causa da sucumbência recíproca, que obriga quem perde a pagar
honorários. “A reforma impôs certas restrições e dificuldades, criando
obstáculos ao livre acesso à Justiça do Trabalho”, avalia.
O
advogado Aliomar Alves Silveira, do escritório Mendes Advogados Associados,
frisa que é claro que a expectativa é de diminuição quanto aos protocolos de
processos trabalhistas nas varas do Trabalho do Estado do Ceará e, consequentemente,
nos demais Estados. Isso por conta de uma mudança substancial no pagamento dos
honorários, levando muitos trabalhadores a não ingressar com reclamação
trabalhista temendo ser condenado.
Silveira
afirma que sentenças condenando o trabalhador em honorários de sucumbência, sem
ponderar o mínimo de razoabilidade quanto a real condição deste em honrar com
tal condenação, foge ao bom senso. O que dificulta de forma indireta o acesso
ao Judiciário de outras pessoas que tenham demandas trabalhistas, sejam elas
semelhantes ou não.
“Óbvio
que existem demandas que requerem uma condenação em litigância de má-fé. O que
pondero é que os magistrados tenham critérios para tal condenação e que não a
utilize como forma de ‘diminuir’ as demandas trabalhistas”, observa.
O
advogado Paulo Henrique de Oliveira Alves, membro da Comissão de Direito
Sindical da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), analisa que uma
nova forma de contratação, a do trabalho intermitente, está crescendo. Destaca
que redes de fast food, por exemplo, têm procurado essa modalidade através de
anúncios em jornais.
Os
advogados pontuam que muitos estão esperando que os tribunais superiores
decidam sobre a sucumbência recíproca e outras questões polêmicas. Lembra que
uma turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) já decidiu que a medida só
valeria para ações ajuizadas para contratos firmados após a vigência da lei (em
11 de novembro). “Essa é uma sinalização”, afirma Paulo.
Porém,
para ele, ainda deve levar mais de um ano para que haja uma acomodação da nova
legislação trabalhista. “Talvez em 2019”, estima, lembrando que 2018 é ano de
Copa do Mundo, bem como de eleições, e muita coisa deve ficar para o próximo
ano.
O
presidente da Amatra 7, Antonio Gonçalves, imagina um tempo maior. Visto que
muitos questionamentos de inconstitucionalidade da nova lei ainda devem ser
julgados pelo Supremo Tribunal Federal. “Historicamente, o Direito do Trabalho
vem para proteger o mais fraco na relação, o trabalhador, e a Constituição
brasileira tem essa base”, comenta, observando que a reforma trabalhista veio
numa perspectiva diferente.
O
magistrado imagina um prazo de cinco anos para pacificar todas as questões, mas
lembra que existe um processo político pela frente. Se a esquerda voltar ao poder,
acredita, toda a discussão a respeito da reforma trabalhista pode ser retomada.
Com
informações portal O Povo Online
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