O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, explicou que a situação é mais favorável em 2018 (Foto Marcos Studart) |
Depois
de seis anos de previsões que somente vislumbravam o prolongamento da seca, a
maior da história do Ceará, o horizonte desponta favorável às chuvas acima da
média. O prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme) para fevereiro, março e abril — o primeiro trimestre da quadra
chuvosa, que segue até maio — veio a público ontem (22/01), no Palácio da Abolição. E
as chances são de 40% de chuvas acima, 35% em torno e 25% abaixo do normal.
Na
coletiva de imprensa, enquanto os meteorologistas repetiam o alerta de 2017, de
que as precipitações não devem ser bem distribuídas entre as zonas norte e sul
do Estado, gestores reconheciam que os esforços para economizar água não devem
diminuir.
“Uma
coisa é chuva, outra coisa é aporte”, ponderou o secretário dos Recursos
Hídricos, Francisco Teixeira. Ele lembrou que o Ceará está há vários anos sem
recarga significativa nos açudes, que hoje têm 6,8% da capacidade.
No
ano passado, quando choveu em torno da média, mas não muito sobre reservatórios
estratégicos como Orós e Castanhão, o aporte total foi de 8% d’água. “Temos que
aguardar se a chuva vem com intensidade. Se vier, pode ter uma boa recarga”,
espera o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João
Lúcio Farias.
No
entanto, o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, explicou que, antes de chegar
aos grandes, as águas pluviais têm de encher os pequenos e médios
reservatórios. “É bom que as chuvas sejam concentradas e de alta intensidade,
porque o solo não tem capacidade de absorver e, com isso, o escoamento é gerado
e dá aporte”.
Pela
previsão, é possível que, na zona norte do Estado, chova 45% acima da média,
35% em torno e 20% abaixo. Já na zona sul, onde estão bacias importantes como
as do Banabuiú e do Jaguaribe, por exemplo, é mais provável (45%) que chova em
torno da média do que abaixo (35%) ou acima (20%).
Supervisora
de meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto disse que o fenômeno La Niña, que
segue atuando e tende a ser favorável às precipitações, deve se dissipar ao
longo da estação, não tendo, portanto, mérito sobre o prognóstico.
“O Atlântico
está melhorando, ou seja, aquecendo um pouco mais ao sul e esfriando ao norte”,
o que cria condições promissoras para a Zona de Convergência Intertropical
(ZCI), principal sistema indutor de chuvas regulares no Estado, explicou. Os
meteorologistas sinalizaram, porém, que um El Niño, que causa seca, pode se
formar ainda durante a quadra.
“É uma preocupação, não uma previsão”, pesou
Eduardo. Mirando um cenário positivo e preocupante ao mesmo tempo, o governador
Camilo Santana (PT) concluiu que o Governo deve manter as ações de convivência
com a seca que vem tomando nos últimos anos, como perfuração de poços,
construção de adutoras e tarifa de contingência. Enquanto isso, projetos de
dessalinização e de reúso da água do esgoto para a indústria, apesar de
urgentes, seguem sem ser realidade.
Com
informações portal O Povo Online
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