Deve
ter sido assombroso para os aduladores de Jair Bolsonaro descobrir que o
cândido deputado guarda alguns esqueletos no armário. Ou talvez nem liguem
muito. Para seus seguidores isso será considerado apenas detalhe, pois o
importante é mantê-lo como a figura representativa do “conservador nos costumes
e liberal na economia”.
Pois
não é que a Folha de S. Paulo - a imprensa sempre a importunar quem está quieto
- fez levantamento em cartórios do Rio e Brasília e descobriu que o deputado e
três de seus filhos (também políticos) são proprietários de 13 imóveis no valor
de R$ 15 milhões? A rigor, não haveria problema nenhum, pois quem tem dinheiro
pode usá-lo do jeito que achar melhor: guardar em malas ou investir em imóveis.
Mas
Bolsonaro, quando iniciou-se na política, em 1988, era um modesto capitão do
Exército, cujos bens declarados resumiam-se a uma moto e um carro velhos e dois
lotes de pequeno valor. Pode-se dar a ele o benefício da dúvida: em 30 anos, a
família, sendo econômica, poderia ter ajuntado os recursos, ainda que isso não
seja muito comum. Porém, o boom dos negócios da família Bolsonaro começou há
dez anos, aí já fica mais difícil explicar o crescimento acelerado do
patrimônio.
Nos
últimos 13 anos - afirma a Folha - somente o deputado estadual Flávio Bolsonaro
(PSC-RJ) negociou 19 imóveis e fez “transações relâmpago” na atividade. Quando
entrou na política (2002), tinha um Gol 1.0; hoje tem dois apartamentos e uma sala
que, segundo a prefeitura, valem R$ 4 milhões. Mas, talvez, ele seja um
“Ronaldinho” dos imóveis, a exemplo de Lulinha nos negócios.
Frente
aos fatos, a reação de Bolsonaro e filhos foi a mesma de qualquer político:
classificaram a reportagem da Folha de “calúnia” e “mentira”, mas não
responderam a nenhuma das perguntas enviadas pelo jornal, pedindo explicações
sobre o crescimento do patrimônio familiar.
Os
bolsonaristas, enlouquecidos para ver Lula condenado pela suposta propriedade
de um triplex, que lhe teria sido dado como suborno, deveriam ter o mesmo
comportamento com seu ídolo, exigindo provas de sua lisura.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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