A
única qualidade que o deputado federal Jair Bolsonaro (ainda PSC, futuro PSL)
parecia possuir e tentava vender para fortalecer sua candidatura a Presidente
da República, a honestidade, está desmoronando mais facilmente que castelo de
areia em dia de ventania.
O abrupto aumento patrimonial dele e dos filhos não
condizente com a renda adquirida dentro da carreira política, fora os tortos
negócios na área imobiliária, é um grave fato para quem se colocava acima do
bem e do mal em termos éticos.
O parlamentar tenta de todas as formas se
justificar, mas até agora não apresentou nada além de arroubos e vitimismos que
deixam sua situação ainda mais complicada. A cada dia mais um Donald Trump em
versão piorada.
Se
não é honesto, o que resta a Bolsonaro de positivo? Absolutamente nada. Sua
trajetória como deputado ao longo dos últimos 26 anos é pífia. Apresentou 117
projetos – muito pouco para tanto tempo -, e só conseguiu ver aprovados dois
deles.
Como ser humano, se mostra como uma das figuras mais deploráveis do
campo conservador, flertando com ideias fascistas: é defensor da ditadura
militar, fez apologia à tortura e ao estupro, comparou negros quilombolas a
bois “que não servem nem para procriar”, disse que “ter filho gay é falta de
porrada”, declarou que filhos não “correm risco” de casar com negras porque
foram “muito bem educados” e afirmou que teve uma filha mulher por
“fraquejada”. Nada de “fake news”, como ele e sua militância cega costumam
rebater. Basta uma simples pesquisa no YouTube.
Capacidade
intelectual para administrar um País com as dimensões e os desafios do Brasil
Jair já demonstrou que também não possui. As recentes entrevistas concedidas a
programas de algumas emissoras de TV são um verdadeiro festival de vergonha
alheia.
O
cenário atual de descrédito na política brasileira, de terra arrasada, é
propício para o surgimento de figuras como a citada acima. A população está
desiludida, preparada para a radicalização. No último domingo, por exemplo, um
motorista de táxi me confessava que “já havia votado em um sociólogo (FHC), em
um metalúrgico (Lula) e até em uma guerrilheira (Dilma)”. E que, diante das
decepções, agora era a vez “de dar chance a um maluco”.
No caso, Bolsonaro.
Revolta compreensível, mas nada que um pouco de diálogo não seja capaz de
resolver. É isso o que precisamos fazer a partir de agora. Muitas vezes as
pessoas estão carentes de informação, se deixando cair no discurso fácil.
Achando que está tudo perdido. Não está. Surgirão alternativas que não estão
manchadas pela lama da corrupção e com espírito público capaz de levar o Brasil
para caminhos melhores.
O “mito” idolatrado por alguns se encaixa muito mais no
conceito filosófico de algo longe da realidade, ausente de razão, do que na
ideia de alguém extraordinário, único. Pode ser facilmente desconstruído. Basta
um pouco de reflexão.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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