Eunício, o eleitor e Camilo (Foto: Fabio Lima) |
A
informação, no jornal O POVO da última quinta-feira (21/12), de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
tem articulado a favor da aliança com Eunício Oliveira (PMDB) em 2018 deixa
mais claros os interesses em torno da parceria que, meses atrás, seria
improvável. Vamos a eles:
1)
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Eunício
é hoje o aliado em posição mais estratégica que o petista pode ter. O
presidente do Senado tem trânsito livre em todas as instituições. É capaz de
influenciar tribunais, tem ascendência sobre alguns dos políticos mais
influentes do País. Para alguém com a pré-candidatura na situação na qual se
encontra a de Lula, estar ao lado dele é conveniente demais. Vai muito além da
política do Ceará. É estratégico para o projeto nacional.
Não
chega a ser uma aliança forçada. Eunício é lulista desde 2002, quando foi
determinante na campanha de José Airton (PT) no 2º turno da eleição para
governador. Em 2004, virou ministro das Comunicações na gestão petista. Em
2014, contra a candidatura do petista Camilo Santana, procurou o tempo todo se
associar a Dilma Rousseff e Lula.
2)
EUNÍCIO OLIVEIRA
É
o mais óbvio interessado na aliança. No plano nacional, nenhum político
cearense é hoje tão poderoso. Porém, depende de votos no Ceará para se
reeleger. E, no quadro atual, a perspectiva para ele é muito complicada, caso
não esteja do lado do governo. A eventual derrota do presidente do Senado na
busca pela reeleição seria um vexame com precedentes escassos.
O
grupo do governador detém hegemonia profunda na política estadual. O lulismo
permanece como força simbólica sem paralelo no Nordeste. Nem Ciro Gomes (PDT)
hoje é capaz de fazer frente.
Eunício
insinuou candidatura ao governo, mas seria arriscar demais. Ele não está
disposto a colocar o mandato em perigo e articula com os ex-inimigos para
tentar se garantir.
3)
CAMILO SANTANA
Para
o governador, há muitas conveniências na parceria. Eunício, interessado que
está, tem-se feito útil. Intercede pela liberação de recursos, abre portas. Tem
destravado situações que haviam se tornado problema.
Além
disso, há o fato de estar atendendo desejo de Lula e de seu partido. Isso é
relativo. Não está nem mesmo claro se Camilo apoiará o petista ou Ciro Gomes a
presidente, no caso de ambos conseguirem ser candidatos.
O
principal motivo para o governador estar interessado na parceria é
administrativo. Muito mais que político.
A
questão é quem não tem interesse.
OS
FERREIRA GOMES
O
grupo Ferreira Gomes tem sido espectador na aproximação de Camilo com Eunício.
Plateia algo contrariada, diga-se. Há aspecto de interesse direto. Eles
entendem que Camilo precisa abrir portas.
Assim
como Roberto Cláudio (PDT), na Prefeitura de Fortaleza, tem-se favorecido.
Porém, o que se vê da família mais poderosa da política cearense é algo entre o
incômodo e a resignação com a possível aliança. Animação? Zero.
Os
Ferreira Gomes comandam a política do Estado e sabem que as chances de saírem
vitoriosos em qualquer embate com a oposição é muito grande.
A
troca de ataques foi virulenta e deixou marcas. Ciro, sobretudo, adoraria dar o
troco e ver Eunício derrotado e sem mandato.
Talvez
as circunstâncias políticas determinem outro caminho. Ou, então, o grupo
aguarda a hora certa para melar a aliança.
OS
PETISTAS, EUNÍCIO E LULA
Os
grupos petistas considerados mais ideológicos e menos adeptos do pragmatismo
têm reclamado da proximidade entre Camilo e o peemedebista “golpista”. Vai ser
engraçado ver se eles terão peito para contestar Lula, de quem partiu pedido
para que o acordo seja costurado.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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