Paulo
Maluf foi preso, condenado por lavagem de dinheiro. Vi repórteres e
comentaristas tripudiarem sobre o político, que foi umas das figuras mais
importantes do País, para o mal, digo. Maluf merece ser punido; mesmo assim,
não me incluo entre os que se divertem por vê-lo preso.
Qual
a diferença de Maluf hoje, com 86 anos e doente, estar atrás das grades ou em
prisão domiciliar? Um coisa é reivindicar justiça; outra - bem diferente - é
humilhar quem está sem condições de se defender, mesmo tendo cometido ignomínias
em sua vida.
Alguns
dos que faturam hoje em cima da desgraça de Maluf - uma carta fora do baralho
político - o incensavam ontem, quando ele era um poderoso personagem da
política brasileira: inclui-se neste rol certa emissora de TV. Uma folha de S.
Paulo cometeu a indignidade de informar que o deputado está usando fraldas.
Porém muitos dos que chutam o descaído Maluf continuam a fazer reverências a
Aécio Neves, aquele que pediu adjutório de R$ 2 milhões a Joesley Batista.
Afinal, o senador, apesar de ter cambaleado ao levar um tiro de garrucha, ainda
está livre para continuar suas patranhas - e por isso mete medo.
Vejam
a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal. Ela foi dura
com Maluf. Confirmou a prisão dele, lembrando que o processo corria há mais de
11 anos, devido a medidas protelatórias dos advogados do réu. Mas teve
comportamento diferente ao julgar o caso de Aécio Neves (PSDB), permitindo ao
Senado definir se medidas cautelares poderiam ser aplicadas a ele. São casos diferentes,
pode-se se alegar. Certo. Porém nem tanto. Depois dessa decisão “protelatória”
da ministra, quanto tempo se vai esperar pelo julgamento de Aécio?
Quem
sabe quando - e se - Aécio for condenado, os áulicos de hoje serão os valentes
detratores de amanhã. A começar por aqueles que, sorrateiramente, já começam a
apagar das redes sociais suas ligações com o senador mineiro.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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