Dois
mil e dezessete virou ano de eleição no Ceará. Os embates eleitorais
frequentemente não esperam julho, o mês da largada oficial das campanhas, para
começar, mas dessa vez houve mais pressa — apesar dos discursos reiterados do
governador Camilo Santana (PT), aliados, opositores e ex-opositores de que
todas as movimentações da peça do jogo eram, ainda, meramente institucionais.
O
governador terminou o ano com o partido que outrora era seu maior opositor na
Assembleia Legislativa, o PMDB, majoritariamente ao seu lado. Conseguiu também
o apoio do PMB, sigla que compunha o bloco de oposição PMDB/PSD/PMB, e o DEM,
conquista do prefeito Roberto Claudio (PDT) junto ao seu vice Moroni Torgan
(DEM).
O
enfraquecimento da oposição foi coroado com a aliança, cada vez mais admitida e
possível, entre Camilo e Eunício Oliveira (PMDB), presidente do Senado. Entre
novembro e dezembro, ambos realizaram diversos atos políticos juntos, na
Capital e no interior do Estado, onde trocaram elogios e agradecimentos
públicos.
A
nova amizade dos ex-adversários levou a oposição a alçar o senador Tasso
Jereissati (PSDB), governador do Ceará por três ocasiões, à possível candidato
em 2018. O tucano negou mais de uma vez, mas o seu partido continua apostando
no nome. Também gerou o maior embate entre os antigos aliados Tasso e Ciro
Gomes (PDT), que se acusaram mutuamente de trazer a “oligarquia” de volta ao
Estado.
Quem
se fortalece com essa conjuntura é o deputado estadual Capitão Wagner (PR), que
vem se preparando para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado,
mas admite que pode concorrer ao Governo do Estado. A dúvida sobre quem
representará a oposição, porém, adentra 2018 mesmo após um ano que antecipou as
eleições.
A
DIVISÃO DO PT
Uma
bomba-relógio pulsa dentro dos diretórios do PT local. Na sigla estadual, há
divisão sobre postura do governador Camilo Santana, que, ao mesmo tempo em que
não declara apoio a Lula à Presidência da República, dá sinais claros de defesa
do nome de Ciro Gomes (PDT). A aliança que tem se formado entre Camilo e o
senador Eunício Oliveira (PMDB) também é um tema que desune a legenda.
Enquanto
uma ala fala claramente contra a composição, outra, representada pelo
presidente De Assis Diniz, a vê com bons olhos. A preocupação é de que Eunício
pegue uma das vagas do PT ao Senado, cargo que o partido não quer abrir mão. Na
sigla municipal, há dois presidentes: o atual, vereador Acrísio Sena, atua como
base do prefeito Roberto Cláudio (PDT); e o que assume em junho, ex-vereador
Deodato Ramalho, tem postura oposta. A decisão de dividir a direção, tida como
“pacífica” em 2017, pode explodir na eleição e gerar uma crise já prenunciada.
AL-CE - O
EMBATE TCM
Assunto
que dominou as discussões da Assembleia Legislativa foi a extinção do Tribunal
de Contas dos Municípios do Ceará (TCM). De autoria do deputado Heitor Férrer
(PSB), a PEC ganhou contornos de disputa política entre os grupos dos Ferreira
Gomes e de Domingos Filho, antigos aliados. Neste ano, o órgão foi extinto e o
caso judicializado pela segunda vez. Enquanto a matéria esperava julgamento no
Supremo Tribunal Federal (STF), novo embate se formou na escolha do conselheiro
que substituiria Teodorico Menezes no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Enquanto a base apoiou o nome de Ernesto Saboia, que foi empossado, Heitor
entrou na Justiça na defesa do nome de Manoel Veras. Em outubro, o STF
confirmou a extinção do TCM, mas caso do conselheiro ficou para 2018.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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