O
ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB faça
“mea culpa” e desembarque do governo do Michel Temer (PMDB) para não se tornar
“coadjuvante” nas eleições do próximo ano.
Declaração fortalece tese do senador
Tasso Jereissati, presidente interino da sigla, e vai de encontro com posição
do também senador Aécio Neves, licenciado do comando tucano.
Segundo
FHC, o apoio inicial dado a Temer foi necessário durante a transição política,
mas, agora, partido precisa tomar uma decisão.
“Ou o PSDB desembarca do governo
na convenção de dezembro e reafirma que continuará votando pelas reformas ou
sua confusão com o peemedebismo dominante o tornará coadjuvante na briga
sucessória” , afirmou em artigo publicado ontem (05/11) nos jornais “O Globo” e
“O Estado de São Paulo”.
Defendendo
que a legenda “passe a limpo o passado recente”, o presidente de honra do PSDB
relembrou de propaganda do partido transmitida na televisão e no rádio em
agosto deste ano que defendia autocrítica. Na época, Tasso assumiu
responsabilidade e disse que “não se arrependia de nada”, frente a críticas de
ala governista.
Tasso
já sinalizou que deve se candidatar à presidência do partido em convenção
marcada para dezembro. O governador de Goiás, Marconi Perillo também é
candidato.
FHC,
porém, evita se aliar diretamente ao grupo de Tasso, conhecido como “cabeças
pretas”, e defende a unidade do partido, dividido sobre permanência do partido
no governo. “É hora também de juntar as facções internas e centrar fogo nos
adversários externos”, disse. “Os cabelos não precisam ser tingidos, mas a alma
deve ser nova, para que a coligação que formar ganhe credibilidade e possa
virar a página dos desastres recentes”.
Discurso
de Fernando Henrique, porém, reitera fala repetida em diversas ocasiões por
Tasso, o que irritou o próprio Temer e tucanos governistas. O deputado federal
Eduardo Barbosa (PSDB-MG) acredita que declaração fortalece Tasso porque “tem
tudo a ver com o que ele dizia”.
O
deputado desconversou, porém, quando questionado se artigo incomodou grupo dos
cabeças brancas. “Eu acho que (o texto) traz uma perspectiva de unidade, foi
muito bom, muito positivo. Teve gente dessa ala que elogiou”, disse.
O
deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), que é aecista e fez diversas
críticas às posições de Tasso, elogiou o artigo. “O Fernando Henrique é nossa
principal referência. O importante foi o chamado dele à unidade e renovação das
práticas do PSDB”, disse.
Ele
discorda, porém, que declaração vá em encontro com posição do cearense. “O
conteúdo não é a tradução exatamente da visão do Tasso. Nosso problema não era
fazer autocrítica, o que eu verbalizei era que se fizesse uma autocrítica bem
feita, o que não aconteceu com o Tasso”.
O
presidente Michel Temer demonstrou irritação com o artigo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e atribuiu as ações do tucano apenas a interesses
eleitorais, com o objetivo de derrotar o PMDB na disputa de 2018.
Em
conversas reservadas, o presidente não escondeu a mágoa com FHC e avaliou que
ele está pressionando correligionários para que o PSDB deixe o 1º escalão em
dezembro, quando o partido renova direção.
Temer
se reuniu neste domingo, no Palácio do Jaburu, com o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), e com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira
Franco (Secretaria-Geral) e Antonio Imbassahy (Governo), além dos deputados
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (PMDB-SP).
A discussão girou em torno da “agenda positiva” que o governo quer aprovar na Câmara, nos próximos dias, como o pacote de segurança pública e as medidas de ajuste fiscal. Para tanto, porém, precisa do apoio dos tucanos.
A discussão girou em torno da “agenda positiva” que o governo quer aprovar na Câmara, nos próximos dias, como o pacote de segurança pública e as medidas de ajuste fiscal. Para tanto, porém, precisa do apoio dos tucanos.
Até
agora, o pilar de sustentação de Temer no PSDB é o senador Aécio Neves (MG),
que está licenciado do comando do partido. Foi por esse motivo que o presidente
ajudou Aécio na busca de votos para salvar o seu mandato no Senado. Se
dependesse do senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, a
sigla já teria devolvido os quatro ministérios que comanda.
Com
informações portal O Povo Online
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