Leonel
Brizola sempre repetia que eleição “não é corrida de cavalos”, onde se coloca
competidores e se aposta de acordo com as conveniências. Ou, como dizem os
gaúchos sobre as corridas “de cancha reta” que se faz por lá, não é a simples
vontade de “pôr o petiço na penca”.
Mas
está virando isso, no Brasil, infelizmente. Candidatos
de si mesmos, partido escolhido no cardápio de siglas que não representam nada
– a redução de um ano para seis meses do prazo de filiação foi feita,
deliberadamente, para esta loteria.
Se
nos afastarmos um pouco que seja e raciocinarmos, veremos que tudo está se passando
assim, com “pré-candidatos” se exibindo como cavalos fazem no canter, aquele
passeio que dão na frente dos apostadores.
O
Huck vai ou não vai? Por onde, ninguém sabe e não importa. E o Joaquim Barbosa,
que ninguém sabe se, como o folclórico Dadá Maravilha, que fez que ia, não foi
e acabou “fondo“? E, para ” viajar num lance de ficção política”, como sugere
hoje Elio Gáspari, Sérgio Moro vem
candidato? Se vier, por onde?
O
estreante Doria quis correr antes da hora e tropeçou; o xucro Bolsonaro procura
dominar os coices, mas os solta, incontrolável, como fez ontem com Miriam
Leitão.
O
processo político brasileiro, que os arautos da mídia proclamam a cada dez
minutos precisa ser moralizado e desenvolvido com espírito público e
transparência, pode ser sadio se for praticado assim, com chicanas, negócios e
conversas obscuras, indefinições oportunistas?
Quem
mente e se aproveita das sombras para ser candidato será diferente como
governante?
A
elite brasileira e grande parte dos políticos que a servem não trata a eleição
como a escolha dos caminhos que o país deve seguir, porque isso não lhes
importa, importa apenas manter seus privilégios e seu mundo de riqueza, de hipocrisia e de segregação.
Como
são minoria, dependem desesperadamente de algo que possa iludir as pessoas
simples, de uma figura qualquer que lhes desvie a atenção do que de fato se
disputa: não um cargo, mas um destino para o Brasil.
Eles,
os donos da verdade, procuram desesperadamente uma mentira que funcione.
Como
não acham, terão de apelar para que três senhores bem pagos, no silêncio de
seus gabinetes no tribunal, decidam por mais de 100 milhões de brasileiros.
Publicado
originalmente no portal Carta Capital
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