Com
as contas na ponta do lápis, a maioria das prefeituras cearenses sinaliza
dificuldades para honrar pagamentos de fornecedores e funcionários. Como
consequência, a a manutenção de serviços públicos básicos, como saúde e
educação, passa por cortes.
Sobre
o assunto
A
justificativa dos gestores é de que os gastos dos municípios têm aumentado ao
longo dos anos e a receita, quase sempre baseada nos repasses federais,
continua sem alteração. A conta não fecha. A corda está apertando o pescoço dos
prefeitos este ano.
Levantamento
realizado pela Associação dos Municípios do Ceará (Aprece) indicou que 43,3%
das prefeituras cearenses não estão pagando os servidores em dia. O atraso
também chega aos contratados em 48,3% dos municípios. Os prefeitos também devem
aos fornecedores em 71,7% dos casos.
Os
números foram obtidos pela coordenadoria técnica da entidade que enviou
questionário para todos os 184 municípios cearenses, mas só obteve resposta de
60 prefeituras. Segundo a associação,
são dados que refletem a realidade geral vivenciada no Estado.
“Tem
município que está há três meses sem pagar funcionários. Os prefeitos já estão
reduzindo transporte solidário para Fortaleza, deixando de construir estradas
carroçáveis. Já estão demitindo gente, reduzindo a carga horária...”, enumera o
diretor de relações institucionais da Aprece, Expedito José do Nascimento. Ele,
porém, evita dizer em quais municípios ocorrem os cortes.
Má
gestão Outro fator também aperta o nó das contas de 45% dos municípios
cearenses, que tem de enfrentar problemas relacionados à má gestão. O último
levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) verificou que 83 municípios
cearenses descumprem o limite de gastos com pessoal. Na maioria deles (44), o
problema se arrasta desde o último quadrimestre do ano passado.
Pela
Lei de Responsabilidade Fiscal, os municípios só podem gastar com pessoal no
limite de 54% da receita corrente líquida. Fora desse percentual, a gestão pode
sofrer punições como bloqueio de transferências voluntárias da União e do
Estado, como convênios, e o impedimento de obter garantia de operações de
crédito, o que pode agravar ainda mais as dificuldades nas contas dos
municípios.
Conforme
Enedina Soares, presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público do
Ceará (Fetamce), os trabalhadores temporários são os mais afetados pelas
demissões, que contribuem para as prefeituras se adequarem à lei. “Na verdade,
são prefeitos que estão no primeiro ano de gestão, contratam apoiadores
políticos sem o município ter condição de pagar”, afirma a presidente, dizendo
que isso demonstra um problema de “má-gestão”.
Enedina
diz que, de maneira geral, a federação não tem recebido muitas denúncias de
demissões, mas que as dificuldades nas contas dos municípios criam um clima de
instabilidade. “A Aprece já disse publicamente que alguns municípios não vão
poder pagar o 13º salário. Se isso acontecer, a gente vai ter que entrar na
Justiça para cobrar esse direito e garantir o pagamento aos trabalhadores”,
afirma.
Com
informações portal O Povo Online
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