Eunício Oliveira, Camilo Santana e o prefeito Roberto Cláudio momentos antes do ato “Juntos por Fortaleza”, no Palácio da Abolição (Foto – Cláudio Barata) |
Quando
Cid Gomes (PDT) falou pela primeira vez sobre a possibilidade de seu grupo retomar
aliança com Eunício Oliveira (PMDB), deu a senha de como isso poderia
acontecer: “Não vou dizer que sim nem que não, mas se tiver de acontecer, eu
acho que essa coisa tem de ser conversada e tem de ser construída. Como é que
um dia desses aí a gente estava falando uma coisa e no dia seguinte a gente
muda completamente de opinião? Eu acho que não pode ser assim, tem de haver aí
um processo de compartilhamento de informações”. A frase foi publicada no O
POVO de 18 de setembro. Ontem, foi oferecido um dos sinais mais contundentes de
que isto já está em curso. A construção está a todo vapor.
OS
RESULTADOS ATÉ AQUI
Quer
ver o quanto avançou a construção da aliança? Veja esta foto:
Foi
em 7 de março deste ano. Naquele dia, Eunício recebeu Camilo pela primeira vez
em audiência no Senado. Foi o primeiro encontro entre os dois desde o "quiprocó" que marcou a eleição de 2014.
Agora,
veja esta outra foto, de ontem:
Entendeu
o que mudou em oito meses na relação entre senador e governador? Percebeu o
resultado da construção de que fala Cid?
PASSADO
E PRESENTE
Para
relembrar o que um e outro diziam até outro dia:
“É
uma contradição muito grande, Eunício, porque até quatro meses atrás você dizia
que esse era o melhor governo do mundo, dizia que o Cid era o melhor governador
da história deste Estado. Como é que se muda? Que contradição é essa?”, disse
Camilo em debate na campanha de 2014, ao questionar a crítica do peemedebista
ao então governador, a quem apoiara até meses antes.
“Não
fui escolhido porque eu não seria dócil o suficiente como você, para cumprir
ordens de um chefe que vai continuar chefiando o governo”, respondia Eunício.
“Não
sou candidato para falar mentira”, foi outra declaração do hoje governador na
campanha de 2014, dirigida ao neoaliado.
“O
Ceará está abandonado e nossa meta é salvar o Estado deste colapso
generalizado”, disse Eunício em 2016, já com o governo Camilo pela metade.
Hoje,
Eunício praticamente já aderiu ao “colapso generalizado” de que falava no ano
passado. Ano passado.
NÃO
VAI REJEITAR
Se
houve críticas entre Camilo e Eunício, a coisa foi ainda mais quente entre ele
e os Ferreira Gomes. Veja o que Ciro Gomes (PDT) dizia em 2014:
“O
que está em jogo é entregar o governo a um aventureiro, lambanceiro e
mentiroso. Não podemos entregar o governo a alguém que quer usar o espaço para
enriquecer ainda mais. Daquele outro lado tem uma mistura de Pinóquio com Irmão
Metralha. Um Pinotralha”. Ciro se referia a Eunício.
Mesmo
com essa opinião sobre o peemedebista, o grupo topa a aliança? Cid Gomes, no
mesmo discurso em setembro, explicou sua visão de pragmatismo.
“Apoio
a gente sabe que a gente tem de receber de todo o mundo. Não quer dizer que a
gente vai se comprometer ou sair daquilo que é nossa linha, nosso projeto,
nosso pensamento. Mas, se uma pessoa quer apoiar a gente, por que faz sentido
você recusar apoio?”
Mesmo
que o apoio venha de alguém que o irmão chamou de “Pinotralha”. O que Cid não
diz é que, para além de receber, o acordo pressupõe contrapartida: apoio para
Eunício ser reeleito senador.
No
começo deste ano, Ciro afirmou: “Vergonha a maioria dos senadores elegerem uma
figura destas para a presidência (do Senado). Prova de que há uma maioria de
corruptos dominando nosso País”. Se essa é a opinião dele, vale lembrar que,
para virar presidente do Senado, antes Eunício teve de virar senador. Conseguiu
isso em 2010 com voto dos Ferreira Gomes. Pode conseguir de novo em 2018, da
mesma maneira.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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