É
patético – e contraproducente – o esforço da mídia, a esta altura, para tentar
mostrar-se “não-bolsonárica”. Como é uma tolice criar uma clivagem religiosa no
eleitorado com base em mínimas diferenças de intenção de votos, mais do que
compreensíveis com o fato de que a pregação da “moralidade” – e raramente a
prática – tem sido frequente em alguns líderes evangélicos.
Bolsonaro
virou um fenômeno que, se dificilmente irá além dos 20% de pessoas, por alguma
razão – e não é difícil ver que é a mídia é
esta razão – estão desprovidas de
equilíbrio emocional ou tomadas por uma fúria de “cognição sumária” dos
problemas do Brasil.
Um
doce para quem adivinhar quais são os únicos problemas – e as únicas soluções,
portanto – de nosso país? Ah, sim: os safados, os sem-vergonhas, os corruptos,
os políticos, os bandidos. Categorias semelhantes que se resolve com Moro e
Bolsonaro, dependendo do nível de pudor, de escolaridade e de renda.
E
olhe lá, porque uma parcela expressiva – e a maior entre todos – dos que estudaram
mais e ganham mais acham melhor é o mais
selvagem deles.
O
dano que fizeram a si mesmos não é difícil de mensurar. Sem o cavernícola, um
candidato de direita como Dória poderia estar em segundo, passando dos 20%, ou
o insosso Alckmin andar por ali.
Aliás,
com Doria, experimentaram um discurso de grosseria que substituísse o Aécio de
2014, mas a matéria prima era pior.
Ainda
sonham com mais um clone, Luciano Huck, mas não parece haver sinais de que os
seus tubos de ensaio vão produzir uma criatura mais viável que o inviabilizado
prefeito de São Paulo.
As
bobagens se sucedem, como a matéria em que se diz que “Evangélicos impulsionam
Bolsonaro e Marina e derrubam Lula, diz Datafolha”. É só olhar os dados e
ver que Lula lidera com folha tanto
entre católicos quanto entre evangélicos e as diferenças que se registram ficam
naquele pequeníssimo grupo que – também o registra a pesquisa – definem o voto
por preferência religiosa.
Claro
que há “nichos” fundamentalistas a serem ocupados pelas Marinas, Everaldos e
congêneres. Mas Marina não chegou a 20% por ser evangélica, foi por ser
adulada.
Faz
tempo que a direita brasileira trocou a política pela histeria e o que se tem
hoje é o resultado disso.
Não
fosse assim, sem Moro, sem Bolsonaros, sem meninos ricos da TV, estaria com a
faca e o queijo na mão para vencer em 2018.
Agora,
sua esperança é fazer alguém que, como Collor, tenham de derrubar um ano
depois, porque se transtornará com o poder e achará que é, de fato, um
governante e não um agente de de interesses econômicos.
Continuo
com a percepção que já venho expondo aqui que a direita percebeu tarde demais
os monstros que criou.
E
o pior deles não é o que virá, mas o que já está aí. Porque não há mais
escapatória de que o “estigma Temer” venha a ser o maior divisor de águas do
processo eleitoral.
E
não há mais como o tucanato e a mídia deixarem de reconhecer a “maternidade” do
golpe e do golpista.
Com
informações portal O Tijolaço
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