O
termo ganhou o mundo a partir da eleição de Donald Trump no ano passado e desde
então permanece no debate público: as chamadas “fake news” ou simplesmente
notícias falsas, proliferam-se nas redes sociais. A tendência, revelam
especialistas, é que sejam usadas com ainda mais força nas eleições do próximo
ano, cujas consequências passíveis de previsão são o acirramento da polarização
política.
“Fake
news” são informações mentirosas produzidas por grupos com algum interesse em
difamar ou elogiar determinada personalidade, partido, projeto ou ideologia.
Segundo levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à
Informação (Gpopai) da Universidade de São Paulo (USP), feito em julho deste
ano, cerca de 12 milhões de pessoas difundem notícias falsas sobre política no
Brasil.
Levando-se
em conta uma média de 100 seguidores por usuário, o alcance dessas informações
pode chegar a praticamente toda a população conectada do País, cerca de 50% dos
habitantes. “Isso vai existir muito na campanha do próximo ano, especialmente
porque haverá candidatos com opiniões muito polêmicas, como (deputado federal)
Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e de temperamento explosivo, como o (ex-ministro) Ciro
Gomes (PDT)”, afirma o consultor político Márcio Coimbra.
Ele
avalia que os boatos devem atingir mais esses perfis “polêmicos”, mas devem ser
preocupação de todos os candidatos. “Eles precisarão reagir ocupando espaços da
mídia e tendo discursos bem definidos, que são difíceis de serem manobrados”.
Nesse
contexto, o Senado aprovou na última quinta-feira, 5, emenda à reforma política
que exige que os provedores de aplicativos e redes sociais suspendam publicações
denunciadas por informação falsa ou discurso de ódio. A medida foi acusada de
“censura” e acabou vetada pelo Palácio do Planalto.
Já
os usuários das redes sociais deverão se “proteger” das notícias falsas
adotando técnicas para identificá-las, enquanto os meios de comunicação
tradicionais precisam atuar para desmentir boatos. Márcio destaca um outro
movimento que também contribui para a desinformação. “O que você tem no Brasil,
especialmente em canais de televisão, é uma notícia enviesada escondendo uma
opinião. São jornais que não procuram o outro lado. Você dar uma notícia com
opinião escondida também é uma espécie de ‘fake news’”, acusa.
Alvo
na semana passada de áudio falso que defendia intervenção militar no Brasil, o
senador Cristovam Buarque (PPS-DF) lamenta o ocorrido e disse que, “na próxima
eleição, mais importante que ter novas e boas ideias, para alguém se reeleger
vai ser preciso enfrentar bem os boatos que surgirão”. Ele acredita que “esse
áudio é um dos exemplos, mas vamos ter muitos outros, daqui pra frente isso vai
ser a regra, não a exceção”.
Sempre
desconfiar
Veja
dicas de especialistas para identificar as “fake news” e evitar o
compartilhamento de informações falsas nas suas redes
1.
Manchetes sensacionalistas
Esse
tipo de notícia costuma ter títulos exagerados para chamar a atenção do leitor,
muitas vezes acompanhados de pontos de exclamação
Sem
assinatura
Dificilmente
esses textos são assinados, seja por um jornalista, analista ou estudioso de
qualquer área
Falta
de fontes
As
informações falsas ou são atribuídas a fonte nenhuma ou se tratam de uma fonte
falsa, de difícil acesso, desconhecida ou mesmo “em off”
URL
alterada
As
notícias podem ser de sites falsos, que imitam a URL de portais de notícias
conhecidos, ou pouco confiáveis, sem identificação clara e formas de entrar em
contato
Erros
gramaticais
Nem
sempre é assim, mas é comum que os textos com informações falsas sejam mal
escritos, contenham diversos erros de português e de formatação, além de
frequentemente serem mais curtos que os de notícias tradicionais
Humor
Um
gênero crescente nas redes sociais são as notícias satíricas, que podem ser
confundidas com fake news por utilizar informações falsas para disseminar o
humor. Um exemplo brasileiro é o site “Sensacionalista”
Textos
tendenciosos
As
notícias falsas não são despretensiosas: seu intuito é prejudicar alguém para
beneficiar uma pessoa, grupo ou ideologia. Isso se reflete nos textos, que não
escondem a inclinação para criticar um lado e enaltecer outro
Disseminação
rápida
As
“fake news” são feitas para se espalharem nas redes sociais e, para isso,
muitas vezes são associadas a perfis automatizados, os chamados “robôs”, que
compartilham, retuítam e espalham os textos sem que seja possível identificar a
fonte primária da informação
Notícias
falsas contêm verdades
Nem
todo o conteúdo das “fake news” é mentiroso. Os textos costumam misturar
acontecimentos verdadeiros com premissas e informações falsas. Outras vezes,
esses sites “ressuscitam” matérias antigas que, embora sejam totalmente
verdadeiras, ganham outro significado em outro momento e contexto
Checagem
Uma
notícia envolvendo uma personalidade importante dificilmente ficará restrita a
um só site. Pesquise em outros portais de notícias e, se não encontrar nada a
respeito, desconfie.
Com
informações portal O Povo Online
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