O parecer aprovado recomenda que a Câmara não autorize o Supremo Tribunal Federal a processar Temer (Foto: Cleia Viana) |
A
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou na noite de ontem (18/10) por 39 votos favoráveis, 26 contrários e 1 abstenção o parecer do deputado
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pela inadmissibilidade da segunda denúncia
apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente
Michel Temer, pelos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. Os
ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria Geral
da Presidência também são citados na denúncia pelo crime de organização
criminosa.
O
placar inferior ao registrado na apreciação da denúncia anterior já era
esperado pelo governo. Após uma manobra do PSB, a líder do partido e aliada do
Planalto, deputada Tereza Cristina (MS) foi substituída pelo oposicionista
deputado Júlio Delgado (MG). Com isso, a base governista teve três votos a
menos do que o registrado na votação do parecer do deputado Paulo Abi-Ackel
(PSDB-MG). Naquela ocasião, 42 deputados foram favoráveis ao parecer que também
recomendava a rejeição da denúncia.
Em
dois dias de debates, 61 deputados se manifestaram sobre o parecer elaborado
por Andrada. Apenas 13 oradores se manifestaram favoráveis aos acusados. A
maioria dos oradores argumentou que há elementos graves suficientes para
encaminhar a denúncia para investigação. Já representantes da base aliada
sustentaram que as provas são frágeis e que nem o presidente nem os ministros
devem ser afastados por acusações feitas por delatores criminosos.
Ao
encaminhar o voto favorável ao parecer de Andrada, um dos principais
articuladores do governo, deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi veemente ao criticar
a denúncia apresentada pelo ex-procurador geral da República Rodrigo Janot.
“Estamos vivendo agora os capítulos finais, capítulos derradeiros de uma ópera
bufa, de um teatro do absurdo, que teve no enredo a tentativa nefasta de um
procurador-geral da República de depor um presidente da República pelo motivo
não republicano de não aceitar que uma desafeta sua chegasse à posição que hoje
exerce [o cargo de procuradora-geral], e falo da doutora Raquel Dogde”.
Ao
encaminhar voto contra o parecer de Bonifácio de Andrada, o deputado Henrique
Fontana (PT-RS) disse que "crimes graves estão colocando o país na beira
do colapso". “Meu sonho é que milhões de brasileiros leiam as 250 páginas
dessa denúncia consistente, uma denúncia com provas, uma denúncia que descreve
com minúcias uma série de atos criminosos cometidos contra o nosso país”,
afirmou Fontana.
A
votação em plenário deve ocorrer na semana que vem. No plenário, a denúncia só
será autorizada a seguir para o Supremo Tribunal Federal (STF) se receber o
apoio de pelo menos 342 deputados, o equivalente a dois terços do total de 513
parlamentares da Casa, conforme determina a Constituição Federal. Segundo o
presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), a denúncia será analisada
no plenário da Casa na próxima semana.
Com
informações portal Agência Brasil
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