Senadores José Medeiros, Tasso Jereissati e Eunício Oliveira durante sessão do plenária do Senado que derrubou medidas cautelares impostas a Aécio Neves (Foto: Wilson Dias) |
Após
a decisão do plenário do Senado que suspendeu seu afastamento parlamentar
imposto pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Aécio
Neves (PSDB-MG) comemorou o resultado da votação. Por meio de nota, o tucano
afirmou que a decisão dos senadores assegura a ele a oportunidade de “comprovar
cabalmente na Justiça sua inocência”. Já parlamentares da oposição, que votaram
pela manutenção das medidas cautelares, criticaram a decisão do plenário.
Por
44 votos a 26, os senadores reverteram as medidas cautelares que incluíam o
afastamento do mandato parlamentar, recolhimento noturno e entrega do
passaporte. Para que uma decisão fosse anunciada, era necessária maioria de, no
mínimo, 41 parlamentares. Dizendo receber a notícia com “serenidade”, Aécio
Neves disse que a decisão o permitirá retomar ao mandato “conferido pelo voto
de mais 7 milhões de mineiros”.
“A
decisão restabeleceu princípios essenciais de um Estado Democrático, garantindo
tanto a plenitude da representação popular, como o devido processo legal,
assegurando ao senador a oportunidade de apresentar sua defesa e comprovar
cabalmente na Justiça sua inocência em relação às falsas acusações das quais
foi alvo”, escreveu a assessoria de Aécio.
Senador Ronaldo Caiado durante sessão do plenária do Senado que revogou o afastamento parlamentar de Aécio Neves, imposto pela Primeira Turma do STF (Foto: Wilson Dias) |
Dos
81 senadores, 71 compareceram à sessão. O presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE)
se declarou impedido de votar. O encerramento da votação levou mais de 30
minutos, sob o pretexto de esperar parlamentares que ainda estavam a caminho da
Casa. Um deles foi o líder do PSDB, senador Paulo Bauer (SC), que estava em
observação médica após ser diagnosticado com crise hipertensiva na tarde de
hoje. Ronaldo Caiado (DEM-GO), que se machucou ao cair de uma mula durante o
feriado prolongado, compareceu ao Senado de cadeira de rodas, mesmo licenciado
das atividades, para votar pela manutenção do afastamento. Outros nove
senadores não estiveram presentes devido a viagens internacionais e licença
parlamentar.
Senadores Humberto Costa e José Medeiros discutem durante sessão plenária do Senado que decidiu o futuro do mandato de Aécio Neves (Foto: Wilson Dias) |
Para
Humberto Costa (PT-PE), a decisão “amplia a falta de credibilidade no Congresso
Nacional”. Segundo ele, o partido continuará insistindo na representação
apresentada há duas semanas ao Conselho de Ética do Senado contra Aécio para
apurar se houve quebra de decoro parlamentar. No entanto, quando houve a
decisão do STF pelo afastamento do parlamentar, o PT se posicionou defendendo
que o Senado tivesse a prerrogativa de revisar a decisão em defesa da
independência do Poder Legislativo sobre o Judiciário.
“[A
votação] representa um avanço do desgaste que o Senado está tendo. Uma
demonstração de que aqueles que deram um golpe não fizeram para acabar com a
corrupção no Brasil. Mas para fazer as mudanças que eles estão fazendo e
prejudicar a população mais pobre”, avaliou.
Colega
de partido de Aécio, o senador Cássio Cunha Lima (PB) defendeu a legitimidade
da votação, argumentando que, se o resultado fosse o contrário, poderia haver
repercussões nas assembleias legislativas e câmaras municipais espalhadas pelo
Brasil, em que o Poder Judiciário poderia decidir acolher medidas cautelares
contra deputados estaduais e vereadores.
“Apesar
das palavras terem a sua proximidade, não se pode confundir imunidade com
impunidade. Não se trata de deixar de fazer a investigação, porque ela tem o
curso, tem a sequência, que o senador possa se defender. Apenas o Senado
entendeu que não caberiam as medidas cautelares que foram decididas por uma
votação de desempate”, disse, referindo-se ao placar de 3 votos a 2 na Primeira
Turma do Supremo.
De
acordo com Álvaro Dias (PODEMOS-PR), a votação de hoje demonstra que o Poder
Judiciário não é independente e repassou ao Senado a prerrogativa de “julgar e
interpretar a Constituição”. “O corporativismo instalado estabelece como regra
a defesa dos seus integrantes, e não a defesa da instituição. Estamos na
contramão do que deseja a sociedade brasileira. Pega mal para a instituição
[Senado], que foi condenada hoje. Na defesa de um de seus integrantes, a
maioria condenou a instituição. Há um desgaste inevitável”, criticou.
Após
a votação, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que
conduziu a sessão cumprindo o Regimento Interno da Casa. “A decisão é do
plenário [do Senado]. O presidente não vota, não faz encaminhamento de
matérias, apenas conduz e declara o resultado, que foi favorável à derrubada da
decisão [de impor as medidas cautelares]. Como cabia ao Senado, dito pelo
próprio plenário do Supremo, os senadores entenderam por bem fazer essa
decisão, e ela será respeitada”, declarou.
Aécio
Neves foi afastado do mandato, teve o passaporte retido e o recolhimento
domiciliar noturno determinado pelo STF após pedido da Procuradoria-Geral da
República (PGR) no inquérito em que o tucano foi denunciado por corrupção
passiva e obstrução de Justiça, com base nas delações premiadas da empresa
J&F.
Em
junho, o parlamentar foi acusado e receber R$ 2 milhões em propina do
empresário Joesley Batista, dono da empresa JBS, com o qual foi gravado, em
ação controlada pela Polícia Federal, em conversas suspeitas.
O
dinheiro teria sido solicitado pelo próprio Aécio, cujo objetivo seria cobrir
despesas com advogados. Em troca, ele teria oferecido sua influência política
para a escolha de um diretor da mineradora Vale. Ele nega as acusações,
afirmando que a quantia se refere a um empréstimo particular.
Sobre
a denúncia de obstrução de Justiça, Janot acusou Aécio de “empreender esforços”
para interferir na distribuição de inquéritos na Polícia Federal, de modo a
caírem com delegados favoráveis aos investigados.
Além
de negar as acusações, o senador afirma que recebeu um empréstimo pessoal de
Joesley que não envolve dinheiro público. Antes da votação, ele enviou uma
carta aos colegas com os principais pontos de sua defesa.
Com
informações portal Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.