Um
“tiro no pé” para candidatura de Ciro Caso prospere a retomada da aliança entre
o grupo dos Ferreira Gomes - que inclui o governador Camilo Santana (PT) - e o
senador Eunício Oliveira (PMDB), não restam dúvidas de que o mais prejudicado
com essa reacomodação de forças seria o ex-ministro e presidenciável Ciro Gomes
(PDT).
Desde
que colocou em campo sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, Ciro se vende,
basicamente, como oposição a tudo de negativo que representaria o PMDB:
anti-Temer, anti-Renan Calheiros, anti-Cunha, anti-Eunício.
Um
nome que, chegando ao poder, pretende romper com as ditas práticas fisiológicas
patrocinadas pela sigla que atualmente comanda o País. Contra o que considera
atraso, Ciro se coloca como saída progressista.
Uma
nova união com o presidente do Senado - já classificado de “aventureiro,
lambanceiro e mentiroso” pelo ex-governador - desidrataria o discurso
construído ao longo dos últimos meses e alimentaria uma crise de credibilidade
no clã cearense. Um verdadeiro “tiro no pé” nas pretensões presidenciais de
Ciro Gomes.
A
não ser que a empreitada não configure prioridade e o objetivo central seja
facilitar a reeleição de Camilo Santana. Ressalte-se que qualquer tentativa de
colocar a decisão apenas nas mãos do petista soaria falsa.
O
governador é umbilicalmente ligado a Cid e Ciro, e jamais tomaria uma decisão
como essa de forma unilateral. Ao mesmo tempo, seria um episódio a comprovar a
mise-en-scène da nossa política, em que inimigos viram melhores pessoas ao
sabor das circunstâncias, e vice-versa.
Um
teatral jogo de xadrez que precisa ser observado com atenção pelos eleitores.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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