O denunciado Michel Temer e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, durante cerimônia de posse (Marcelo Camargo) |
Raquel
Dodge foi empossada na manhã de ontem (18/09) no cargo de Procuradoria-Geral da República e a presidência do
Conselho Nacional do Ministério Público. O termo de possse foi assinado por ela
e pelo presidente Michel Temer, em cerimônia da PGR. O ex-procurador-geral,
Rodrigo Janot não participa da cerimônia.
Em
seu discurso de posse, Dodge disse que o Ministério Público tem “o dever de
cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de modo honesto, eficiente
e probo, ao ponto de restabelecer a confiança das pessoas nas instituições de
governança”.
Sobre
este assunto, ela citou uma fala do papa Francisco, na qual o pontífice ensina
que “a corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no
qual a pessoa se habitua a viver”, disse.
“O
corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autosuficiência que
não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Constituiu uma autoestima que
se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do
oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da dignidade dos outros. A
corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a bondade e a beleza”,
acrescentou.
A
nova procuradora-geral também indicou que o Ministério Público deve trabalhar
para todos igualmente. "O Ministério Público deve promover justiça e
promover democracia, zelar pelo bem comum e pelo meio ambiente, assegurar voz a
quem não a tem e garantir que ninguém esteja acima e ninguém esteja abaixo da
lei", afirmou.
Ela
destacou que o MP tem o dever desempenhar bem todas suas funções, uma vez que
elas são necessárias para muitos brasileiros. “A situação continua difícil pois
[os brasileiros] estão expostos à violência e à insegurança pública, recebem
serviços públicos precários, pagam impostos elevados, encontram obstáculos no
acesso à Justiça, sofrem os efeitos da corrupção, têm dificuldade de se
auto-organizar, mas ainda almejam um futuro de prosperidade e paz social”.
Segundo
Dodge, não têm faltado meios orçamentários nem instrumentos jurídicos para que
o MP cumpra seu papel constitucional. “Estou certa de que o MP continuará a
receber do Poder Executivo e do Congresso Nacional o apoio indispensável ao
aprimoramento das leis e das instituições republicanas e para o exercício de
nossas atribuições”.
Membro
do Ministério Público Federal desde 1987, Raquel Dodge é primeira mulher a
exercer o cargo de procuradora-geral da República. Para vice-procurador-geral
da República, ela escolheu o subprocurador-geral da República Luciano Maris
Maia. Ela foi indicada na lista tríplice enviada ao presidente da República
após eleição da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Raquel Dodge foi a segunda mais votada, ficando atrás de Nicolao Dino. Em
julho, ela foi aprovada pelo plenário do Senado por 74 votos a 1 e uma
abstenção.
Rodrigo
Janot, que deixa o cargo, não compareceu à posse. De acordo com dados referentes ao segundo
período de Janot na Procuradoria, que comandou de 2013 a 2017, na área
criminal, que envolve a Operação Lava Jato, foram feitos 242 pedidos de
abertura de inquérito, 98 pedidos de busca e apreensão, de interceptações
telefônicas e quebras de sigilo bancário e 66 denúncias foram enviadas à Justiça
(inclusive duas contra o presidente Temer).
Com
informações Agência Brasil
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