Audiência foi realizada no auditório Murilo Aguiar (Foto: Marcos Moura) |
A
Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia Legislativa
debateu, ontem (21/08), as alterações na organização judiciária
do Estado do Ceará. Essas modificações estão previstas no projeto de lei nº
73/2017, oriundo da mensagem nº 6/17, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). O
projeto prevê, entre outras coisas, a transferência de unidades judiciárias
consideradas subdemandadas.
De
acordo com o presidente da CCJR, deputado Sérgio Aguiar (PDT), esta é a
primeira de três audiências públicas sobre o tema – as outras duas serão
realizadas pelas Comissões de Orçamento, Finanças e Tributação e de Trabalho,
Administração e Serviço Público.
O
desembargador Heráclito Vieira, representando o TJCE, explicou os critérios
considerados para a reorganização. Segundo ele, a resolução nº 184/2013, do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), estabelece que os tribunais devem
providenciar extinção, transformação ou transferência de unidades judiciárias
ou comarcas com distribuição processual inferior a 50% da média do estados.
“As
comarcas que serão transformadas têm uma taxa de congestionamento de média de
90%”, informou o desembargador. Segundo ele, os processos passariam para
comarcas de maior celeridade. Heráclito Vieira ressaltou que essa é uma questão
de gestão processual e não tem o objetivo de dificultar o acesso à Justiça.
Ele
lembrou também que não é possível criar novas comarcas para descongestionar as
existentes devido às limitações orçamentárias impostas pela emenda
constitucional nº 88/2016, que instituiu novo regime fiscal do Estado e
congelou os gastos públicos por dez anos, impossibilitando a criação de novos
cargos.
O
deputado Heitor Férrer (PSB), um dos requerentes da audiência, avaliou que o
Judiciário é a instância final de cidadania e, na avaliação dele, as mudanças
prejudicam quem mora no Interior. Já o deputado João Jaime (DEM) comentou ser
difícil justificar aprovação do projeto, especialmente para a população
interiorana.
O
líder do Governo, Evandro Leitão (PDT), questionou como explicar para a
população que fechamento de comarcas poderia melhorar a celeridade dos
processos. Para o deputado Joaquim Noronha (PRP), as medidas trazem impacto
social em todo o Estado. Ele também questionou se existe relatório de
produtividade do Judiciário.
A
virtualização dos processos foi uma das medidas propostas pelo deputado Audic
Mota (PMDB), antecipando que vai apresentar emenda para garantir o uso da
tecnologia a fim de melhorar a produtividade do Judiciário.
Segundo
o deputado Elmano Freitas (PT), o orçamento destinado à Justiça cearense está
em um nível abaixo ao de outros estados. Ele também informou que apresentará
emenda para que qualquer mudança futura sobre as comarcas vinculadas seja
decidida pela Assembleia Legislativa.
Para
o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – secção Ceará (OAB/CE), Marcelo
Mota, existe uma grande preocupação em preservar os princípios constitucionais
e garantir que os mais vulneráveis tenham acesso a esse serviço essencial. Ele
lembrou que pesquisa do CNJ mostra que o Judiciário cearense tem a pior
produtividade no País. “Só iremos avançar se enfrentarmos esse problema”,
defendeu.
Também
estiveram presentes à audiência pública os deputados Ferreira Aragão (PDT),
Fernanda Pessoa (PR), Roberto Mesquita (PSD), Mirian Sobreira (PDT), Antônio
Granja (PDT), Manoel Duca (PDT) e Osmar Baquit (PSD); o juiz Marcelo Roseno; o
procurador Eulério Soares; o coordenador das Defensorias Públicas do Interior,
Ricardo Batista; além de lideranças políticas do Interior e representantes da
sociedade civil.
Com
informações Assessoria de Comunicação TJ-CE
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