Dilma
Rousseff (PT) sofreu impeachment com 9% de aprovação e Michel Temer (PMDB) não
será afastado, mesmo com 3%. Isso ocorre por dois motivos: 1) A maneira como a
impopularidade se expressa e 2) o fato de que a reprovação foi condição
necessária, mas não foi a motivação para tirar Dilma.
Temer
é alvo de desaprovação passiva. As pessoas não gostam do presidente nem de nada
do governo dele, mas tampouco estão dispostas a qualquer coisa contra ele. É
muito diferente da forma como se deu a desaprovação de Dilma. Ninguém está na
rua para protestar contra o governo. Caso houvesse mobilizações de massa, nesse
momento no qual a Câmara dos Deputados avalia a segunda denúncia contra o
presidente, a situação poderia se complicar.
Não
há protesto dos que se mobilizaram para derrubar Dilma e também reprovam o
governo Temer. Mais que isso, também não tem protesto dos que defendiam o
governo petista e foram contra o impeachment. Partidos de esquerda, sindicatos
e movimentos sociais também não estão na rua contra o governo. Diante do
presidente de maior impopularidade já medida, as ruas do Brasil estão
silenciosas. Intrigante fenômeno. Isso é o primeiro aspecto.
O
segundo ponto: Dilma não teria caído se não fosse tão impopular, mas a
impopularidade, sozinha, não a derrubaria. As condições para que ela fosse
afastada não se repetem com Temer, embora haja hoje mais motivos para
impeachment do peemedebista do que havia em relação à petista.
Para
tirar Dilma, foram determinantes a deterioração da economia, a perda de apoio
político e a oposição dos meios empresariais. Essa equação foi fatal para a
petista. Temer, por sua vez, mantém ambos os apoios e isso o tem blindado
contra a rejeição popular.
Outro
fator é conjuntural. A saída de Dilma tinha no vice, Temer, opção considerada
segura pelos atores interessados no impeachment. Agora, a eventual destituição
do presidente criaria cenário de incerteza, com eleição indireta.
Daqui
a um ano, estaremos na semana da eleição. No meio político, mesmo quem defendia
a saída do presidente parece convencido de que o mais simples talvez seja
deixar o governo ir se arrastando enquanto a eleição do ano que vem não chega.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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