O
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a Primeira
Turma da Corte decidiu “poetizar” e assumiu “comportamento suspeito” ontem (26/09),
ao decidir afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suas atividades
parlamentares e impor a ele o recolhimento domiciliar noturno.
Mendes
afirmou que as medidas cautelares equivalem à imposição de prisão contra o
parlamentar, o que a própria Primeira Turma considerou inconstitucional, por
entender que o senador não foi flagrado praticando crime inafiançável.
“Eu
tenho impressão que a Primeira Turma notoriamente decidiu pela prisão, o que
não tem respaldo na Constituição, e que o Senado tem que deliberar sobre isso.
A Constituição prevê que cabe a Senado e Câmara tomar a decisão”, disse Gilmar
Mendes nesta quarta-feira.
O
ministro defendeu que o próprio Supremo rediscuta o caso de Aécio, dessa vez no
plenário da casa. Ontem, a Primeira Turma rejeitou, por unanimidade, um pedido
da defesa para que o processo fosse discutido pelo pleno.
“Quando
a Turma começa a poetizar, começa a ter um tipo de comportamento suspeito,
certamente seria bom que a matéria viesse para o plenário. Acho que matérias
controvertidas devem vir para o plenário”, defendeu.
Após
a sessão plenária desta quarta-feira, os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz
Fux, que votaram a favor do afastamento de Aécio e de seu recolhimento noturno,
rebateram a tese de Gilmar Mendes.
Ambos
citaram uma alteração no Código de Processo Penal (CPP) aprovada pelo Congresso
em maio de 2011 que elenca entre as medidas alternativas à prisão preventiva o
recolhimento domiciliar noturno.
“Foi
o Congresso Nacional que definiu que essa não é uma hipótese de prisão”, disse
Barroso. “Portanto, com todo o respeito a todas as opiniões, não há uma dúvida
jurídica aqui. O direito é claríssimo. Agora, as pessoas todas podem ter a sua
opinião política a respeito dessa matéria, menos eu, que não sou comentarista
político”, acrescentou.
Fux
afirmou que “evidentemente” o recolhimento domiciliar noturno é uma medida
alternativa à prisão, sem necessidade de aprovação legislativa. Ele disse ser
preciso aguardar qual será a interpretação dada pelo Senado sobre o assunto.
“Acho
que a gente tem de deixar o Senado pensar bem naquilo que vai fazer diante da
decisão judicial, porque, se não me falha a memória, o senador já esteve
afastado por decisão judicial e não houve esse rumor todo”, disse Fux.
Com
informações Agência Brasil
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