Passagem
de Lula pelo Ceará confirmou diversas teses. A primeira: Não existe hoje, em
todo o País, figura capaz de disputar com o petista no quesito popularidade.
Acompanhando
viagem do ex-presidente pelo Interior, foram muitos os momentos de espontânea e
genuína afeição que testemunhei entre eleitores e Lula. Em tempos de crise e de
total descrédito da classe política, o feito por si só já seria notável.
Levando-se
em conta o contexto, de um líder que aparece diariamente acuado entre acusações
da Justiça e da imprensa, a adoração ganha novo peso simbólico. A constatação,
no entanto, não deveria animar petistas da forma como anima. Mais que a força
incontestável do mito Lula, o fervor messiânico que acompanha o petista mostra
também o caráter moribundo do PT como projeto político para o País.
O
petismo afundou de vez na crise; o lulismo não. Cada dia maior que o petismo, o
lulismo é forte para reforçar laços e discursos internos, mas é religioso e
voltado para si demais para pregar aos não-convertidos.
No
fervor que acompanha o ex-presidente, a criação de uma pressão social e o
debate de saídas para o País se confunde com o culto ao líder das massas. O que
importa é ver Lula. Tocar Lula. Bater foto com Lula e chorar com ele.
Isso
pode ser interessante para devotos do Padre Cícero - com quem o petista se
compara -, mas dificilmente unirá o País em torno de alguma causa além da
eleição de um punhado de políticos.
Publicado originalmente no portal O Povo
Online. A foto é de João Alves
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