Os
últimos dias de Rodrigo Janot na Procuradoria Geral da República (PGR) perigam
não deixar pedra sobre pedra. É a antítese do grande acordo nacional sonhado
por Romero Jucá (PMDB-RR) e Sergio Machado.
As flechas disparadas envolvem toda
a cúpula política e institucional da República. Com o STF, com tudo. Não sobra
nem a PGR, nem os delatores da JBS. O alucinante início de Semana da Pátria
provoca, a partir da Procuradoria, estrago de bomba norte-coreana. Faltam 12
dias para ele deixar a função. Ninguém pense que acabou.
O
presidente Michel Temer (PMDB) teve alívio com a gravação que compromete a
delação da JBS. Juridicamente, a prova pode até se sustentar. Politicamente,
está morta e enterrada. Porém, ontem, o ministro Edson Fachin, do Supremo
Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro.
Considerado operador financeiro do PMDB em vários esquemas, ele é visto como
principal possibilidade de as investigações chegarem a Temer. A JBS se torna
risco bem menor para o presidente, enquanto as revelações de Funaro deverão
mostrar qual o tamanho de seu potencial destrutivo.
A
denúncia contra Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff atinge outra banda do
espectro política, que, depois de longo tempo sob artilharia, vinha em segundo
plano há mais de um mês no noticiário policial das páginas políticas. Também
foram atingidos os dois ministros da Fazenda da era petista, Antonio Palocci e
Guido Mantega, a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o marido dela e
ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, e os ex-tesoureiros petistas João
Vaccari e Edinho Silva. Passado e presente do PT.
Essa
denúncia contra os petistas já estava, obviamente, engatilhada. Mas o momento
em que foi revelada cumpre papel político. Janot é acusado de fazer o jogo da
oposição a Temer. É questionado pelo presidente e está com credibilidade em
risco. Pode não ter sido intencional - embora eu creia que foi, sim. Não
importa. O efeito político é de uma resposta. Forma de legitimar e fortalecer o
procurador-geral. Tentar mostrar distanciamento e isenção. Fragiliza o discurso
de perseguição política contra Temer. Do ponto de vista midiático, dá um nó na
cabeça dos simpatizantes do PT, que já viam em Janot o herói, e também dos
governistas, que enxergavam nele um vilão.
Nas
últimas 48 horas, Janot fez dois gestos dos mais determinantes para determinar
seu lugar na história. Não acabou ainda.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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