O
presidente da Comissão de Constituição (CCJ) da Câmara, deputado Rodrigo
Pacheco (PMDB-MG), confirmou ontem (24/09) Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) como
relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
Andrada
tem 87 anos, é advogado e está no décimo mandato consecutivo como deputado
federal. Aliado do senador afastado Aécio Neves (MG), o deputado faz parte da
ala do PSDB que defende a permanência do partido no governo.
Na primeira
denúncia contra Temer, por corrupção passiva, o tucano não participou da
votação na CCJ, mas votou para barrar a investigação contra o presidente da
República no plenário. “Senhor presidente, voto ‘sim’, a favor das instituições
e do progresso do Brasil”, afirmou.
A
escolha de Andrada deve desagradar a liderança do PSDB e os chamados “cabeças
pretas”, que defendem rompimento com o presidente Michel Temer. O líder do PSDB
na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), chegou a pedir formalmente a Rodrigo
Pacheco que nenhum de seus liderados fosse escolhido relator da segunda
denúncia contra Temer. O mesmo pedido foi feito por Aécio.
Na
entrevista em que anunciou o relator, Pacheco admitiu que foi procurado pelo
líder do PSDB, mas disse que Andrada está “acima” dessas questões. “Tenho
certeza que PSDB haverá de ficar contente com a decisão”. Ele também minimizou
o fato de Bonifácio ter votado a favor de Temer na primeira denúncia. “É uma
nova realidade e confio muito na decência e na experiência do deputado
Bonifácio”, disse.
Pacheco
admitiu que chegou a sondar outros deputados para a relatoria, entre eles,
Evandro Gussi (PV-SP), Ronaldo Fonseca (Pros-DF) e Marcos Rogério (DEM-RO). Os
três, porém, informaram que não tinham interesse no posto. No caso de Rogério,
a líder do DEM, Efraim Filho (PB), também procurou o presidente da CCJ para
pedir que não escolhesse nenhum deputado do partido como relator.
Temer
é acusado de obstrução da Justiça e participação em organização criminosa que
teria recebido ao menos R$ 587 milhões de propina.
Bonifácio
não integra a lista de titulares da CCJ, o que pode resultar na curiosa
situação de ele não conseguir votar a favor de seu relatório, no caso de todos
os titulares votarem. Em seu 10º mandato na Câmara, o tucano foi um dos que
reforçou discurso contra a Lava Jato na tramitação da 1ª denúncia: “A Câmara é
a representação do povo. Os deputados não são santos porque o povo também não é
santo” disse.
Advogado
e professor universitário, integra uma tradicional família de políticos, a
linhagem de descendentes de José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos
principais articuladores da independência do país.
Com
informações portal O Povo Online
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