O
cearense Rodrigo Albuquerque, 33 anos, é o primeiro adulto no Brasil a
conseguir habeas corpus preventivo para cultivo de maconha com fins medicinais.
A decisão foi proferida nessa quinta-feira, 15, pela juíza Maria das Graças
Almeida de Quental, titular da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas
e Habeas Corpus (Vepah) de Fortaleza. O paciente é tetraplégico há doze anos e,
desde 2015, tem prescrição médica para o tratamento com remédio à base de
cannabis.
Rodrigo
fraturou a coluna cervical durante mergulho em piscina e, desde 23 de janeiro
de 2005, o sistema motor ficou comprometido. Devido ao quadro de tetraplegia,
passou a ter dores e espasmos severos, mas os medicamentos e intervenções
tradicionais não surtiram mais efeito. A descoberta dos efeitos medicinais da
cannabis começou em 2013, durante uso recreativo com amigos.
"Eu experimentei durante à noite e consegui dois dias sem dor. Dor é uma constante na minha vida. Meus espasmos e tremores involuntários sumiram. Comecei a ir atrás de mais informações, fui ler e pesquisar", contou, em entrevista ao portal O POVO Online.
"Eu experimentei durante à noite e consegui dois dias sem dor. Dor é uma constante na minha vida. Meus espasmos e tremores involuntários sumiram. Comecei a ir atrás de mais informações, fui ler e pesquisar", contou, em entrevista ao portal O POVO Online.
Até
hoje, o cearense é acompanhado por equipe multidisciplinar, composta por
anestesiologista, neurologista, psiquiatra, psicólogo e clínico geral. "Eu
descobri que existia essa interseção na cannabis, servindo para controlar
espasmos. Comecei a usar pouco, infelizmente tendo que fazer a compra no
mercado ilícito. Em 2015, eu vi que essa compra não era viável, eu não ia
alimentar o tráfico. Chamei um médico, ativista da Marcha (da Maconha), paguei
a passagem dele de Recife para cá", disse.
Com
a consulta do especialista, Rodrigo conversou sobre as várias possibilidades de
tratamento à base de cannabis e obteve autorização da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) para a compra do Mevatyl (sativex). No entanto,
segundo a advogada dele, Jordana Sales, o medicamento teria que ser importado
até a comercialização no Brasil, o que eleva os custos.
"Eu não atuava nessa área, mas sou amiga do Rodrigo há muito tempo e passei a estudar as concessões para crianças em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ele já tinha receita, prescrição médica, era acompanhado por psicólogos e psiquiatras, assim pudemos instruir bem a ação. Não é um adulto que está querendo se aproveitar, ele já tinha todo o aparato médico para solicitar judicialmente", frisa ela.
"Eu não atuava nessa área, mas sou amiga do Rodrigo há muito tempo e passei a estudar as concessões para crianças em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ele já tinha receita, prescrição médica, era acompanhado por psicólogos e psiquiatras, assim pudemos instruir bem a ação. Não é um adulto que está querendo se aproveitar, ele já tinha todo o aparato médico para solicitar judicialmente", frisa ela.
A
liminar de Rodrigo, segundo a advogada Jordana Sales, foi a primeira decisão do
País em favor de um adulto.
De
acordo com o processo do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), o uso da
substância possibilitará, além da ausência de dores e espasmos musculares,
aumento do apetite e estabilização do humor. A magistrada autorizou a
utilização da substância até a regulamentação final, assim como a abstenção das
autoridades de efetuarem a prisão por cultivo doméstico de maconha.
O
TJCE informa que a juíza considerou dispositivos constitucionais sobre os
direitos à saúde, à liberdade e à vida, não apenas física. Também foi determinado
ao paciente adoção de medidas para impedir o "acesso de terceiros ao
vegetal e aos seus extratos, plantio caseiro e em proporção que indique tal
condição, extração artesanal e utilização restrita ao primeiro paciente, que
não inclui o uso recreativo da planta".
Caso
fosse importar o medicamento, Rodrigo teria que gastar, anualmente, R$ 25 mil a
R$ 30 mil. Com o cultivo, ele gastará pelo menos a metade - custo que pode
variar de R$ 500 a R$ 1 mil. O habeas corpus preventivo foi impetrado por
Jordana Sales com o estudante de Direito Italo Coelho de Alencar, e os
advogados Emílio Figueiredo e Ricardo Nemer, ativistas da Abracannabis e da
Reforma da Política de Drogas.
A
solicitação apontou os riscos da compra no mercado ilícito, pois o paciente
ficava sujeito a assaltos, abordagens policiais e até a substância de má
qualidade. "Eu quero usar essa vitória como uma referência, prestar
assessoria para as pessoas que precisam desse tipo de tratamento. A gente teve
casos no Brasil de responsáveis que conseguiram salvo conduto para tratamento
dos filhos. O Ceará é um Estado dividido sobre a questão medicinal, então eu
espero que abra a cabeça de todo mundo, porque os fatos científicos comprovam
os benefícios. Os pacientes devem ser acompanhados por um médico, e é isso que
eu fiz", completa.
Com
informações portal O Povo Online
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