Mesmo
extinto, o Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará (TCM) deve alimentar mais
alguns capítulos na polêmica sucessão de embates com a Assembleia Legislativa.
Desta vez, por causa de uma vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE)
com a aposentadoria do conselheiro Teodorico Menezes. Após o fim do TCM, o TCE
acolheu as funções da corte municipal.
Enquanto
nomes políticos e técnicos articulam nomeação para o posto, Heitor Férrer (PSB)
diz que vai “à justiça” para cumprir Proposta de Emenda Constitucional de sua
autoria: o novo conselheiro deve vir do TCM.
Saída
de Teodorico abre uma vaga que, em condições normais, seria preenchida por cota
de nomeação da AL, em disputa de indicados por deputados estaduais.
Contudo,
para Heitor, não é o que deve acontecer. Conforme PEC publicada no Diário
Oficial do Estado, os sete conselheiros do TCM foram “postos em
disponibilidade”, o que, para o deputado, indica que eles devem ser chamados
para ocupação de vagas no TCE.
“Estão
(os conselheiros) aptos a ser chamados para para exercer suas atividades. Na
prática, com o TCM extinto, se alguém do TCE se aposentar, não é preciso nomear
outro conselheiro, tendo sete em disponibilidade”, argumenta Heitor.
De
acordo com ele, os conselheiros do TCM, que “já estão sendo pagos” pelo cargo
“de atividade similar” à de conselheiro do TCE, devem ocupar a função, seguindo
entendimento jurídico de reaproveitamento de servidores que são postos em
“disponibilidade” – quando o cargo ou órgão são extintos.
Como
o único cargo de atividade similar é o de conselheiro do TCE, o parlamentar
afirma que “todos do TCM devem ser chamados, sem disputa na Assembleia
Legislativa”. “E se eles vierem com história de buscar outro conselheiro, vou
contra isso judicialmente”, promete.
Presidente
da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da AL, o deputado Sérgio
Aguiar (PDT) concorda com Heitor. “Seria a forma mais sensata (de preenchimento
da vaga), principalmente porque a PEC se baseia na ‘diminuição de gastos’. Já
tem uma pessoa recebendo pra isso”, disse.
Para
o ex-presidente do TCM, Domingos Filho, a tese é a única aceitável. “Do
contrário, vamos ficar em ‘disponibilidade’ para quê? Porque o TCE é o único
órgão. As vagas terão que ser ocupadas por aproveitamento pelos conselheiros
remanescentes do TCM”, pontua.
O
presidente do TCE, Edilberto Pontes, foi procurado pela reportagem para
esclarecimentos, mas não pode atender. O relator da PEC, Osmar Baquit (PSD), e
o presidente da AL, Zezinho Albuquerque, também foram procuradores, mas não
atenderam ligações.
Caso
prevaleça a tese de que a vaga deve ser ocupada por um conselheiro do TCM, o
escolhido deve ser Manoel Veras, vice-presidente do TCM. A lógica segue tanto
critérios de cotas de indicação, devendo assumir um indicado pela AL (cota de
Teodorico), quanto de tempo (conselheiro mais antigo). O cenário promete mais uma guerra judicial
entre as partes.
Na
quarta-feira (23/08)
o ex-presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Domingos Filho,
esteve em Brasília para acompanhar o presidente Associação dos Membros dos
Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Valdecir Pascoal, para protocolo no
Supremo Tribunal Federal (STF) de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI),
contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que extinguiu o TCM.
Uma decisão sobre o pedido de liminar deve sair na próxima semana.
Com
informações portal O Povo Online
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