O
presidente Michel Temer (PMDB) acenou na semana passada com antiga ideia a
pairar sobre a política brasileira, sobretudo nos períodos mais complicados: a
adoção do parlamentarismo. Não é algo para longo prazo, na opinião do
peemedebista. Ele cogita algo já para o ano que vem.
“Eu
acho que nós poderíamos pensar, uma mera hipótese, num parlamentarismo para
2018, não é? Eu acho que não seria despropositado. Pelo menos eu não veria como
um despropósito”, afirmou.
O
parlamentarismo não é em si uma má ideia. Algumas das democracias mais
avançadas do mundo adotam. Também não concordo com os que afirmam que o Brasil
não se adequaria ao sistema. O parlamentarismo já foi adotado por aqui, por
mais de 40 anos. E por isso afirmo que a ideia é antiga: começou a ser adotada
em 1847, há 170 anos, pelo imperador dom Pedro II.
Era
um parlamentarismo com características bem próprias. O imperador indicava o
presidente do Conselho dos Ministros (primeiro-ministro) entre os membros do
partido majoritário. O nome era submetido a aprovação da Câmara. Além disso,
Pedro II dispunha do Poder Moderador, que permitia tomar a decisão final, acima
dos demais poderes. Entre 1847 e 1889, o gabinete de ministros foi dissolvido e
reorganizado mais de trinta vezes. Ainda assim, era parlamentarismo, ainda que
chamado de “às avessas”. Houve também a experiência durante o governo João
Goulart, que durou um ano e quatro meses.
O
PROBLEMA DO SISTEMA
O
problema não é o parlamentarismo em si. A questão é se é o caso de tirar o
poder de a população escolher diretamente o governante e entregá-lo ao Poder
Legislativo. Ainda mais este Congresso Nacional que está aí, com protagonismo
em todos os escândalos da história republicana brasileira, quase sem exceção.
Será mesmo esse o caminho?
O
QUE O POVO ACHA DISSO
E
o aspecto central: o que o povo acha disso? O que pensam os que serão, em
última instância, governados. Aquelas de quem emana todo o poder, segundo
aquele livrinho empoeirado que completa 30 anos no ano que vem.
Em
23 de julho, Elio Gaspari lembrou: “O parlamentarismo já foi levado a dois
plebiscitos, em 1993 e em 1963. Em nenhuma das duas ocasiões conseguiu bater a
marca dos 25%”.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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