Nascidos
da crise, movimentos políticos formados por jovens estudantes e profissionais
têm surgido em busca de renovar o cenário de instabilidade e criar uma agenda
de mobilização popular. Eles são formados por cidadãos que entenderam que a
participação política não se restringe a um mandato público.
O
ventre comum desses grupos é a internet, mas sua atuação não se restringe ao
campo virtual. Eles vão às ruas, mas não necessariamente em forma de protesto:
levam educação política a escolas e universidades, mobilizam pessoas na defesa
de interesses do seu bairro e cidade e pressionam políticos no Congresso
Nacional. Na plataforma digital, criam aplicativos, sites e redes sociais para
facilitar a mobilização e divulgar seu trabalho. Um exemplo é o Mudamos,
aplicativo criado em 2014 pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de
Janeiro (ITS Rio), que coleta assinaturas eletrônicas em projetos de lei de
iniciativa popular.
“Para
apresentar um projeto de iniciativa popular, você precisa de, no mínimo, um
milhão e meio de assinaturas, que equivaleria a duas toneladas de papel. Então,
é impossível. Era um direito que não era efetivo”, explica Marko Konopacki,
coordenador de projetos de democracia e tecnologia do ITS Rio.
São
aceitos projetos de todos as ideologias, desde que não firam direitos
essenciais assegurados na Constituição. O necessário para sair da crise,
segundo Marco, é “estabelecer um diálogo com as pontas”, fugir dos extremos.
“Nós queremos ser um instrumento para fazer o caminho do meio”. Diversidade Um
censo feito pelo site Update Politics revela que já são mais de 160 iniciativas
desse tipo no Brasil, uma parte delas surgidas a partir das efervescentes
manifestações de junho de 2013. Outra parte começou a se estruturar há menos de
um ano, no aprofundamento da crise, e tem pautas em comum: ética e
transparência nos partidos, igualdade de oportunidades, empreendedorismo e
inovação tecnológica, sustentabilidade econômica e ambiental.
Têm
agendas comuns, mas são diversos. Podem se dividir em pelo menos três tipos: os
que lutam por uma causa específica, os que formulam planos de políticas
públicas e os que querem apoiar ou lançar novos candidatos para renovar o
Congresso. No geral, os dois últimos tipos se convergem.
O
Movimento Transparência Partidária (MTP), fundado no final do ano passado, se
encaixa na primeira classificação. Trata-se de uma iniciativa de cientistas
políticos, advogados e profissionais de diversas áreas que criaram um projeto de
lei de reforma dos partidos, cujo ponto central é a transparência.
“Nós
percebemos que um ponto muito importante desse debate (sobre reforma política)
tem ficado de fora, que é a reforma dos partidos. Nós fizemos um estudo sobre a
questão da prestação de contas e percebemos que ainda é um processo muito
rudimentar e que não há nenhuma padronização nesse processo”, explica o
advogado Marcelo Issa, um dos fundadores.
Além
de cadastrar o projeto no Mudamos, onde tem mais de 47 mil assinaturas, o grupo
pressiona deputados e tem atuado junto à comissão da reforma política. “Já
houve alguns avanços sobre a transparência no relatório do deputado Vicente
Cândido (PT-SP), temos que lutar para não haver retrocessos”.
O
grupo não tem, por enquanto, um projeto a longo prazo. Pode encerrar após
conseguir aprovar o projeto ou prosseguir com outras pautas. Não pretende
apoiar candidatos ou partidos no próximo ano. “É possível que o MTP prossiga
com outra abordagem ou outra causa para o aprimoramento da democracia”, diz.
Com
informações portal O Povo Online
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