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3 de agosto de 2017

Os desafios de Temer após barrar denúncia na Câmara

Após semanas de “tudo ou nada” na negociação com a Câmara, o presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu barrar ontem denúncia por corrupção passiva oferecida contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). 

“Seguiremos em frente com as ações necessárias”, disse Temer logo após a vitória, em discurso que antecipou próximas batalhas do governo pela reorganização da base e votação de reformas.


Ao todo, parecer de Paulo Abi Ackel (PSDB-MG) pelo arquivamento da denúncia foi aprovado com 263 votos favoráveis e 227 contrários. Foram registradas ainda 20 ausências e duas abstenções. Apesar de ter conseguido quase cem votos a mais que os 172 necessários para barrar a ação, vitória de Temer revelou encolhimento da base e da “margem de governabilidade”.

Horas antes da votação, líderes de Temer contabilizavam cerca de 300 votos pelo arquivamento da ação. Número caiu mesmo com forte investida de última hora do governo, que enviou ministros ao plenário da Câmara para negociarem votos em troca da liberação de emendas. Para aprovar matérias como a reforma da Previdência, o Planalto precisará de 308 votos.

Maior defecção partiu do PSDB, com Aécio Neves (MG) articulando votos pró-Temer nos bastidores e Geraldo Alckmin (SP) e Tasso Jereissati (MG) aglutinando deputados contrários ao governo. Placar escancarou racha da sigla, com 21 dos 47 deputados votando pela aceitação da denúncia. Prioritário, partido será o primeiro a ser chamada para conversa com o governo, ao lado do PSB e PP.

De olho em reverter a debandada da base, Temer se reunirá na próxima semana com líderes governistas no Congresso. A ideia é montar um cronograma para acelerar reformas e concluir votações até outubro. Com menos resistência no Congresso, reforma tributária deve ser enviada até o final de agosto.

“Espero terminar a maior transformação já feita no País em vários setores do estado e da sociedade. Estamos modernizando nossas instituições”, disse Temer em discurso pós-votação voltado para apaziguar o mercado.

Temer também organiza encontros com empresários e investidores para reforçar imagem de que possui força política para passar reformas.

Temer recebeu ontem 21 deputados e avaliou demandas de última hora. Ele assistiu à sessão no gabinete presidencial com ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Maia e base aliada

Primeiro na linha de sucessão de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu “alerta” ao governo e destacou necessidade de recompor a base aliada para votação da reforma da Previdência. “Sabemos que vamos ter que reorganizar a votação. Para ter os 308 votos necessários, vamos ter que reorganizar”, disse, logo após encerrar sessão que rejeitou denúncia.


Segundo ele, será preciso entender melhor o “ambiente” para que a reforma seja votada. Nos bastidores, deputados já apontam possível disputa entre Temer e Maia pela “paternidade” da viabilização das reformas em tramitação.

Em tentativa de demonstrar protagonismo, Maia afirmou que trabalhará pessoalmente para recompor a base aliada, principalmente com o PSDB. “Vamos trabalhar para que a base volta a ter 330 votos”, diz. (com agências)

Com a decisão da Câmara, Temer só será investigado por denúncias incluídas na delação da JBS após o término de seu mandato. Ele foi acusado de participar de negociação de propinas semanais de até R$ 500 mil com a empresa.

Paira ainda sobre Temer expectativa por uma nova denúncia da PGR, desta vez por obstrução de Justiça, até o fim de agosto. Na gravação feita por Joesley Batista, o presidente silencia após o empresário admitir atuar para atrapalhar investigação.

Restam ainda possíveis novos fatos da Lava Jato, como delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro.


Com informações O Povo Online

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