Após
semanas de “tudo ou nada” na negociação com a Câmara, o presidente Michel Temer
(PMDB) conseguiu barrar ontem denúncia por corrupção passiva oferecida contra
ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Seguiremos em frente com as
ações necessárias”, disse Temer logo após a vitória, em discurso que antecipou
próximas batalhas do governo pela reorganização da base e votação de reformas.
Ao
todo, parecer de Paulo Abi Ackel (PSDB-MG) pelo arquivamento da denúncia foi
aprovado com 263 votos favoráveis e 227 contrários. Foram registradas ainda 20
ausências e duas abstenções. Apesar de ter conseguido quase cem votos a mais
que os 172 necessários para barrar a ação, vitória de Temer revelou encolhimento
da base e da “margem de governabilidade”.
Horas
antes da votação, líderes de Temer contabilizavam cerca de 300 votos pelo
arquivamento da ação. Número caiu mesmo com forte investida de última hora do
governo, que enviou ministros ao plenário da Câmara para negociarem votos em
troca da liberação de emendas. Para aprovar matérias como a reforma da
Previdência, o Planalto precisará de 308 votos.
Maior
defecção partiu do PSDB, com Aécio Neves (MG) articulando votos pró-Temer nos
bastidores e Geraldo Alckmin (SP) e Tasso Jereissati (MG) aglutinando deputados
contrários ao governo. Placar escancarou racha da sigla, com 21 dos 47
deputados votando pela aceitação da denúncia. Prioritário, partido será o
primeiro a ser chamada para conversa com o governo, ao lado do PSB e PP.
De
olho em reverter a debandada da base, Temer se reunirá na próxima semana com
líderes governistas no Congresso. A ideia é montar um cronograma para acelerar
reformas e concluir votações até outubro. Com menos resistência no Congresso,
reforma tributária deve ser enviada até o final de agosto.
“Espero
terminar a maior transformação já feita no País em vários setores do estado e
da sociedade. Estamos modernizando nossas instituições”, disse Temer em
discurso pós-votação voltado para apaziguar o mercado.
Temer
também organiza encontros com empresários e investidores para reforçar imagem
de que possui força política para passar reformas.
Temer
recebeu ontem 21 deputados e avaliou demandas de última hora. Ele assistiu à
sessão no gabinete presidencial com ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e
Moreira Franco (Secretaria-Geral).
Maia
e base aliada
Primeiro
na linha de sucessão de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
deu “alerta” ao governo e destacou necessidade de recompor a base aliada para
votação da reforma da Previdência. “Sabemos que vamos ter que reorganizar a
votação. Para ter os 308 votos necessários, vamos ter que reorganizar”, disse,
logo após encerrar sessão que rejeitou denúncia.
Segundo
ele, será preciso entender melhor o “ambiente” para que a reforma seja votada.
Nos bastidores, deputados já apontam possível disputa entre Temer e Maia pela
“paternidade” da viabilização das reformas em tramitação.
Em
tentativa de demonstrar protagonismo, Maia afirmou que trabalhará pessoalmente
para recompor a base aliada, principalmente com o PSDB. “Vamos trabalhar para
que a base volta a ter 330 votos”, diz. (com agências)
Com
a decisão da Câmara, Temer só será investigado por denúncias incluídas na
delação da JBS após o término de seu mandato. Ele foi acusado de participar de
negociação de propinas semanais de até R$ 500 mil com a empresa.
Paira
ainda sobre Temer expectativa por uma nova denúncia da PGR, desta vez por
obstrução de Justiça, até o fim de agosto. Na gravação feita por Joesley
Batista, o presidente silencia após o empresário admitir atuar para atrapalhar
investigação.
Restam
ainda possíveis novos fatos da Lava Jato, como delações de Eduardo Cunha e
Lúcio Funaro.
Com
informações O Povo Online
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