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2 de julho de 2017

Riscos e esperanças da busca pelo novo por Letícia Alves

A desconfiança nos políticos e nas instituições públicas, intensificada pela crise, deverá ter influência determinante nas próximas eleições. Isso porque a população, mais atenta às ações dos Três Poderes, procura mudança: o desejo é de eleger representantes novos, alheios aos escândalos de corrupção recorrentes - avaliam  especialistas, políticos e cidadãos comuns.

 “O que pode acontecer são duas coisas contraditórias: a primeira é ficar um pouco decepcionado e a segunda é tentar participar para mudar as coisas, querer transformar a política”, analisa o cientista político Josênio Parente. O professor aposta na segunda possibilidade: “As pessoas perceberam que precisam participar, selecionar partidos e políticos coerentes”. 

O momento é propício, segundo ele, para o surgimento de novas lideranças, que despontam de movimentos sociais, partidos antigos e novos e categorias profissionais comuns. Um exemplo é um movimento em Minas Gerais, onde o Partido Novo tem trabalhado para lançar empresários sem bagagem política para a Assembleia Legislativa, a Câmara dos Deputados e o Senado. 

A legenda, que aposta em método pouco usual de escolha dos candidatos - similar à seleção para a vaga de um emprego - também tem trabalhado no Ceará para lançar novas lideranças. “Todos que serão candidatos em 2018 são cidadãos comuns, não temos nenhum político velho, que é justamente tudo que aí está”, conta Jerônimo Ivo, presidente do Novo no Estado.

O partido deve lançar cearenses às vagas de deputado federal e senador, além de governador. “As pessoas estão mais informadas e a partir disso elas começam a entender a verdade, a pesquisar a verdade, buscar a verdade, e acabam buscando novos candidatos. Ou nos conformamos com o que aí está ou tomamos uma atitude como cidadãos”, defende.

A aposta na não-política e a fuga da “velha política” é criticada por alguns, que argumentam que a experiência em gestão pública é essencial. É o que diz Dimas Oliveira, que é porta-voz da Rede Sustentabilidade no Ceará, partido que, embora recente, tem nos seus quadros políticos antigos. 

“Tem de se combinar essa dignidade pessoal (do político novo) ao conhecimento profundo da máquina pública, porque senão ela será um mero espectador do processo político”, diz. “Quanto mais a política é apresentada como algo ruim, menos pessoas decentes vão querer se apresentar para a política”. Movimentos sociais Dentro de grupos de esquerda como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Frente Brasil Popular, a discussão sobre o lançamento de novos nomes para 2018 ainda é incipiente, ao menos segundo o presidente do movimento no Ceará, Will Pereira. “Na Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, os movimentos sociais e sindical como um todo, há uma luta única que é barrar as reformas trabalhista e previdenciária”, explica. 

“No aproximar do processo eleitoral”, pondera, “vão surgindo novos nomes, nós acreditamos e apostamos nisso, é tanto que construímos vários comitês populares para discutir com a sociedade, nós acreditamos na renovação do Congresso”.

À direita, a movimentação parece ser maior. Além de partidos como o Novo, movimentos como o Instituto Democracia e Ética (IDE) e Vem Pra Rua, organizadores de protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), já lançaram nomes novos no ano passado, mas não tiveram sucesso em Fortaleza. Em São Paulo, um representante do Movimento Brasil Livre (MBL), Fernando Holiday (DEM), conseguiu vaga na Câmara Municipal.

“Já há alguns nomes, pessoas com ideias de livre mercado onde o consenso é desinchar a máquina estatal”, diz Marcelo Marinho, líder cearense do Vem Pra Rua. “É uma questão de boas ideias, que tirem esse ranço de que político sempre faz a mesma coisa, nós eleitores queremos um perfil profissional que cumpra suas promessas”.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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