A
desconfiança nos políticos e nas instituições públicas, intensificada pela
crise, deverá ter influência determinante nas próximas eleições. Isso porque a
população, mais atenta às ações dos Três Poderes, procura mudança: o desejo é
de eleger representantes novos, alheios aos escândalos de corrupção recorrentes
- avaliam especialistas, políticos e
cidadãos comuns.
“O que pode acontecer são duas coisas
contraditórias: a primeira é ficar um pouco decepcionado e a segunda é tentar
participar para mudar as coisas, querer transformar a política”, analisa o
cientista político Josênio Parente. O professor aposta na segunda
possibilidade: “As pessoas perceberam que precisam participar, selecionar partidos
e políticos coerentes”.
O
momento é propício, segundo ele, para o surgimento de novas lideranças, que
despontam de movimentos sociais, partidos antigos e novos e categorias
profissionais comuns. Um exemplo é um movimento em Minas Gerais, onde o Partido
Novo tem trabalhado para lançar empresários sem bagagem política para a
Assembleia Legislativa, a Câmara dos Deputados e o Senado.
A
legenda, que aposta em método pouco usual de escolha dos candidatos - similar à
seleção para a vaga de um emprego - também tem trabalhado no Ceará para lançar
novas lideranças. “Todos que serão candidatos em 2018 são cidadãos comuns, não
temos nenhum político velho, que é justamente tudo que aí está”, conta Jerônimo
Ivo, presidente do Novo no Estado.
O
partido deve lançar cearenses às vagas de deputado federal e senador, além de
governador. “As pessoas estão mais informadas e a partir disso elas começam a
entender a verdade, a pesquisar a verdade, buscar a verdade, e acabam buscando
novos candidatos. Ou nos conformamos com o que aí está ou tomamos uma atitude
como cidadãos”, defende.
A
aposta na não-política e a fuga da “velha política” é criticada por alguns, que
argumentam que a experiência em gestão pública é essencial. É o que diz Dimas
Oliveira, que é porta-voz da Rede Sustentabilidade no Ceará, partido que,
embora recente, tem nos seus quadros políticos antigos.
“Tem
de se combinar essa dignidade pessoal (do político novo) ao conhecimento
profundo da máquina pública, porque senão ela será um mero espectador do
processo político”, diz. “Quanto mais a política é apresentada como algo ruim,
menos pessoas decentes vão querer se apresentar para a política”. Movimentos
sociais Dentro de grupos de esquerda como a Central Única dos Trabalhadores
(CUT) e Frente Brasil Popular, a discussão sobre o lançamento de novos nomes
para 2018 ainda é incipiente, ao menos segundo o presidente do movimento no
Ceará, Will Pereira. “Na Frente Brasil Popular, a Frente Povo sem Medo, os
movimentos sociais e sindical como um todo, há uma luta única que é barrar as
reformas trabalhista e previdenciária”, explica.
“No
aproximar do processo eleitoral”, pondera, “vão surgindo novos nomes, nós
acreditamos e apostamos nisso, é tanto que construímos vários comitês populares
para discutir com a sociedade, nós acreditamos na renovação do Congresso”.
À
direita, a movimentação parece ser maior. Além de partidos como o Novo,
movimentos como o Instituto Democracia e Ética (IDE) e Vem Pra Rua,
organizadores de protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), já lançaram
nomes novos no ano passado, mas não tiveram sucesso em Fortaleza. Em São Paulo,
um representante do Movimento Brasil Livre (MBL), Fernando Holiday (DEM),
conseguiu vaga na Câmara Municipal.
“Já
há alguns nomes, pessoas com ideias de livre mercado onde o consenso é
desinchar a máquina estatal”, diz Marcelo Marinho, líder cearense do Vem Pra
Rua. “É uma questão de boas ideias, que tirem esse ranço de que político sempre
faz a mesma coisa, nós eleitores queremos um perfil profissional que cumpra
suas promessas”.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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