Basta
percorrer a história política do País para constatar que, em todas as vezes que
o tema da corrupção dominou a agenda, no Congresso e na mídia, esta escolha
veio a serviço de desestabilizar lideranças de grande apelo popular, cujos
governos foram marcados pelo fortalecimento do projeto nacional.
Em
vez de representar saltos civilizatórios na ética pública, esta agenda efêmera
foi logo esquecida quando o poder era retomado. Foi assim com Getúlio, Jango,
Juscelino e, agora, com Lula e Dilma Rousseff.
A
rápida desmoralização do governo golpista, cujos objetivos foram escancaradamente
elencados no diálogo grampeado entre Romero Jucá e Sergio Machado (em que os
dois descrevem o roteiro político para barrar o avanço da Lava Jato), é a prova
cabal de que as oligarquias, mais uma vez, recorrem ao velho expediente.
Como
explicar que os mesmos que tiraram Dilma pelas tais “pedaladas” agora mantenham
no poder o já denunciado e moribundo Temer? Neste momento, fica ainda mais
claro que o discurso anticorrupção bradado por tantos durante votação do
impeachment não passava de mais um golpe.
Mas
o dilema dos golpistas de hoje é que instituições republicanas como a Polícia
Federal e o Ministério Público ganharam autonomia nos governos Lula e Dilma e,
com isso, o prosseguimento dos processos, inevitavelmente, vai desvelando a
verdade: a histórica corrupção das elites nacionais, essa, sim, fartamente
escandalosa.
A
resistente popularidade de Lula, mesmo injustiçado por uma sentença de caráter
político e persecutório e sob ininterrupto ataque à sua reputação, é uma prova
concreta da capacidade de discernimento da população acerca desse fenômeno.
Ética
na política é, antes de tudo, o resguardo da escolha popular como base
essencial de legitimação de um entre os diversos projetos políticos e seus
líderes. O combate à corrupção deve ser apenas uma decorrência usual e eficaz
dessa escolha, sobretudo pelo fortalecimento das instituições de fiscalização e
investigação. Quando instrumentalizado a serviço de interesses políticos, como
demonstra a história, serve apenas para encobrir uma corrupção ainda mais
profunda e grave. Por isso, eleições sem Lula serão nada mais nada menos do que
uma fraude.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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