Embora
sejam assunto recorrente de quem acompanha a crise política, as eleições ainda
são uma incógnita para a população e os próprios políticos e analistas.
De
acordo com as últimas pesquisas divulgadas, em média 20% da população não sabe
em quem votar ou já planeja optar pelo nulo ou branco no próximo ano.
A
porcentagem aumenta em cenários sem figuras conhecidas como o ex-presidente
Lula (PT), o senador Aécio Neves (PSDB) e mesmo o presidente Michel Temer (PMDB).
“Dá uma tristeza grande, a gente não vê em quem votar e fica totalmente
desacreditada”, desabafa a comerciante Dinayk Martins.
O
sentimento, aposta o professor de sociologia e política da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, deve gerar uma melhora no nível
político. “Espera-se que com tanta exposição de nomes de políticos, que as
pessoas estejam mais conscientes para fazer escolhas”, afirma.
O
professor pondera, porém, que o descrédito pode favorecer “aqueles que se
colocam como novos sem ser, os negadores da política e os com viés autoritário
de salvador da Pátria”. Para fugir de um novo que não traga novidades reais, a
saída seria, além de fazer boas escolhas, “acompanhar o seu escolhido”.
Para
isso ser possível, ele propõe uma reforma política que favoreça a
transparência. “O cenário político só muda com uma melhor escolha e
acompanhamento do trabalho dos políticos. Infelizmente, o modelo que temos hoje
é pouco acompanhável”. Exemplos Como novo “não tão novo assim”, o cientista
aponta os nomes do prefeito de São Paulo João Dória (PSDB), aliado de velhos
caciques da legenda, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) eleito pelo
cargo pela primeira vez em 1990.
Há
também movimentações de partidos antigos, como o PSL que virou Livres e aposta
em proposta mais liberal. No PT e PSOL, um movimento tem chamado a atenção.
Filiados das siglas, além de representantes de entidades como o Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), reuniram-se há duas semanas sob a coordenação de
Guilherme Boulos.
Os
participantes negam conversas para a criação de novo partido e explicam que a
ideia é articular estratégias de oposição ao governo de Temer além da criação
de um programa “mais à esquerda”. Se a articulação terá efeito eleitoral, é
difícil dizer. “Vai haver uma melhora na política a partir de 2018, mas não uma
renovação total, grande. O processo democrático é vagaroso e exige paciência”,
diz Prando.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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