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8 de julho de 2017

Com Temer, Brasil tem passagem inexpressiva pela reunião do G-20

Líderes das principais potências mundiais se reúnem para conferência do G20 em Hamburgo, na Alemanha (Foto: Axel Schmidt)
O Brasil volta do G-20 sem encontros bilaterais e ainda mais inexpressivo. De acordo com especialistas, os escândalos de corrupção, a denúncia contra Michel Temer e o clima de instabilidade política e econômica são os principais fatores para o desinteresse internacional no País. O encontro anual costuma ser uma oportunidade de discutir acordos e políticas comerciais.


Muito além das gafes e dos deslizes cometidos em viagens, a maior falha de Temer na política externa tem sido a ausência de planos e projetos para tentar recolocar o Brasil em posição de prestígio. O único encontro que estava marcado seria com a chanceler alemã, anfitriã do G-20 2017, Ângela Merkel. Mas, diante da indecisão do presidente sobre a participação no evento, ela acabou desmarcando.

Antes de decidir ir ao encontro, Temer estudava enviar o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que tem bom trânsito com representantes da Europa e dos Estados Unidos. “Acho que foi um erro ele ter feito essa viagem. Primeiro porque a crise interna se agrava. Houve membros de sua base fazendo declarações ambivalentes. Segundo porque foi uma viagem decidida às pressas e ele acabou embarcando mais despreparado”, avalia o analista de relações internacionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Sidney Ferreira Leite. Ele argumenta ainda que teria sido mais produtivo a presença de Meirelles, em vez de Temer. “Ele tem mais respeitabilidade”, completa.

O internacionalista José Flávio Sombra vê a presença do presidente como uma obrigação necessária. “Há um certo desconforto tanto na parte econômica, em crise, e evidentemente no imbróglio politico”, disse. O que deixa Temer isolado, segundo ele, é o fato de o País estar em declínio, após expectativas positivas geradas ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A época foi marcada por expansão diplomática e expressividade internacional.

“Há realmente uma presença ofuscada pelas próprias economias tradicionais e, sobretudo a China e a Índia, que, ao contrario do Brasil, avançaram bastante”, pontua. Sombra destaca ainda que a dúvida que paira sobre a duração do mandato de Temer também contribui pra que ele seja desprestigiado.

Especialista em relações internacionais, Mônica Martins, da Universidade Estadual do Ceará, lembra que a imprensa internacional tem acompanhado os escândalos no Brasil, o que afasta líderes do presidente Temer.

Ela avalia ainda o peso negativo dos ministros, escolhidos por afinidade política, em vez de habilidades técnicas, como na gestão do petista Lula. Para Mônica, eles são despreparados para a função. “Não tem como comparar o atual ministro (Aloysio Nunes), com diplomatas de carreira, pessoas capacitadas que estudaram para exercer essa função”, conclui.

No primeiro mandato de Lula, ainda em 2003, o ministro das Relações Exteriores foi Celso Amorim. segundo especialistas, ele foi responsável por articulações internacionais que colocaram o Brasil em local de destaque. Com popularidade alta e economia crescente, o presidente foi bem recebido pela comunidade internacional. O governo Lula marcou expansão das teias diplomáticas brasileiras, inclusive com abertura de novos postos e aproximação com paíes do eixo Sul (África e América Latina). Nesta época, ainda que fosse apenas uma potência média, o Brasil exerceu papel de protagonismo em negociações.

Já no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, houve por parte dela, desinteresse em fortalecer as relações exteriores. A época foi de enfraquecimento no cenário internacional e cortes no orçamento do Itamaraty. Apesar disso, ela também escolheu nomes técnicos, diplomatas de carreira para comandar o ministério.

Com informações O Povo Online

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