Nas pesquisas Temer está mal perante a opinião pública, mas segue bem na política (Foto: Ueslei Marcelino) |
Política
tem variáveis curiosas. Michel Temer (PMDB) obteve neste semana o pior
percentual de aprovação de um presidente já medido pelo Ibope. Nenhum
governante teve índices tão ruins em mais de 30 anos, desde que passaram a ser
feitas pesquisas minimamente confiáveis. Esse mesmo presidente é alvo de
denúncia gravíssima da Procuradoria Geral da República. A Câmara dos Deputados
marcou para a semana que vem a sessão que deve decidir se a denúncia deve
prosseguir ou não. Caso tenha andamento, Temer será preventivamente afastado do
cargo. Situação politicamente calamitosa, não é?
Não
exatamente. A sustentação política do presidente vai surpreendentemente bem.
Tem percalços com PSDB, enfrenta dificuldades, não tem maioria para aprovar as
reformas constitucionais mais complicadas, mas a situação acaba sendo muito
mais confortável do que o cenário justificaria. Com problemas no âmbito penal e
com a economia derrapando, onde Temer hoje se sai melhor é na política.
É
intrigante. Dentro de um ano, a campanha eleitoral estará praticamente
começando. Políticos são normalmente suscetíveis à pressão popular, sobretudo perto
de eleição. Isso ainda não ocorreu em relação ao governo de maior
impopularidade jamais medida no Brasil.
A
dúvida em relação à votação da denúncia contra Temer é apenas se haverá quórum
ou não. Porque, no voto, o governo terá maioria. A oposição ameaça tentar
impedir sessão em cuja pauta é a maior interessada.
OS
PILARES DE UM GOVERNO
Um
fator isoladamente não costuma comprometer um governo. A queda de Dilma
Rousseff (PT) ocorreu, isso escrevi algumas vezes na época, porque ela viu se
deteriorarem todos os alicerces: não tinha apoio popular, político, empresarial
e mesmo os sindicatos se indispuseram com elas. Não muito tempo antes do
impeachment, várias greves estavam em curso.
Temer
está mal perante a opinião pública, mas segue bem na política. A economia já
esteve pior, mas as más notícias se avolumam. E, principal trunfo, a equipe que
comanda a Fazenda tem credibilidade do mercado nacional e do internacional.
Temer
está pior como nunca num dos suportes essenciais de qualquer governo. Porém,
mantém outros pilares mais ou menos firmes e isso o segura.
PARA
ALÉM DA IMPOPULARIDADE
A
impopularidade de um governante o fragiliza, mas isso pode se converter ou não
em ação prática. Dilma não foi derrubada pelos protestos de rua. Mas
dificilmente cairia se não fossem por eles. A impopularidade ali mostrou seu
rosto e se corporificou.
Com
Temer, a desaprovação é até maior, mas não se converteu em fato concreto.
Muitos dos que ajudaram a derrubar Dilma desaprovam Temer, as pesquisas
mostram. Porém, não têm tido o mesmo ímpeto e disposição para se opor.
Movimentos que puxaram o protesto não se mobilizam. E tampouco os que
defenderam Dilma e lideram a atual oposição têm conseguido promover
manifestações mais significativas.
O
fato de o presidente não ter sido votado para o cargo que hoje ocupa talvez o
torne menos vunerável à falta de aprovação daqueles a quem governa.
Com
informações O Povo Online
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