Após
dois meses de adiamento, julgamento da chapa eleitoral de Dilma Rousseff (PT) e
Michel Temer (PMDB) é retomado hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Às
vésperas de julgamento, a defesa do presidente aposta em duas grandes frentes
para livrá-lo da cassação: a primeira, jurídica, consiste em tentar separar as
ações de ambos durante a campanha, dividindo também o veredito; a segunda,
política, tenta minimizar efeitos dos últimos acontecimentos.
Além
disso, advogados e assessores do presidente estavam apostando, nos últimos
dias, em críticas à atuação do procurador-geral da República Rodrigo Janot e do
ministro Edson Fachin, responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF).
Gustavo
Guedes, advogado do presidente, chegou a afirmar que Janot estava tentando
“constranger” o TSE com declarações que ligam ações do ex-assessor Rocha
Loures, preso no último sábado, 3, a Temer. “O que estamos indignados é com a
tentativa de atuação política do Ministério Público (...). Fazer isso às
vésperas do julgamento do TSE nos parece uma tentativa de constranger o
Tribunal”, disse.
A
especialista em direito eleitoral Isabel Mota não acredita, porém, que o embate
de Temer e Janot vá influenciar na decisão dos ministros. “Esse tipo de pressão
não deve causar efeito, o TSE é um tribunal que está muito acostumado a decidir
processos com forte componente político e deve manter a tradição de julgar
tecnicamente, mas eu quero crer que não será completamente ausente da
realidade”, avalia.
Ela
afirma que os novos acontecimentos, embora não tenham sido incluídos no
processo, podem interferir no voto dos ministros de forma indireta. “O que
aconteceu pode mostrar que certas práticas são comuns e tirar dúvidas de
ministros sobre algumas partes do processo, por exemplo”, explica.
Na
última declaração, a defesa também pediu que ministros façam distinção da
responsabilidade de Dilma e de Temer. Essa é a principal estratégia da defesa
desde o início do julgamento, em abril. Os advogados apostam que, por terem
movimentações de recursos em contas separadas, Dilma e Temer poderiam ter
destinos diferentes.
O
melhor resultado para o presidente seria ser absolvido, enquanto Dilma fosse
condenada, o que o fortaleceria no Congresso junto a partidos que ainda
analisam permanência ou não na base. Isabel afirma que, apesar de possível, a
decisão é pouco provável. Isso porque não há precedentes de decisões do tipo.
“Esse tipo de tese é vencida, nesses casos o principal tem a mesma sorte do
acessório, e o vice é acessório”.
Outra
aposta do Planalto é que julgamento seja novamente adiado com o pedido de vista
de algum ministro. A tendência é que Napoleão Nunes Maia Filho peça mais tempo
para analisar o processo, porém, com dois novos ministros efetivos recém
empossados, não seria incomum que eles também pedissem o adiamento.
A
especialista em direito eleitoral Isabel Mota afirma que o pedido seria
“normal”,dada a complexidade e ineditismo do processo de cassação de uma chapa
presidencial. “É melhor que a Corte fazer injustiça tentando agradar a opinião
pública”.
Com
informações O Povo Online
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