Aécio Neves, Geraldo e João Dória em visita a FHC (Foto: Eduardo
Enomoto)
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Três
fatores explicam a permanência do PSDB no governo Temer, decidida ontem em
reunião da executiva nacional da legenda após três adiamentos: Geraldo Alckmin,
governador de São Paulo, João Doria, prefeito da capital paulista, e Aécio
Neves, senador afastado por determinação do ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Edson Fachin.
Por
motivos diferentes, esses três atores, cujos interesses estão em jogo no meio
da crise que se instalou no Planalto desde a delação da JBS e levou de roldão o
tucanato, têm razões para querer manter o apoio a Michel Temer num momento em
que o peemedebista é arrastado para o olho do furacão. Alckmin, por pretender
disputar a Presidência em 2018. Para o governador, é melhor enfrentar um
adversário cambaleante, seja ele Rodrigo Maia ou o próprio Temer, a um
fortalecido, como poderia ser caso as eleições indiretas fossem realizadas com
o afastamento do presidente. Doria, por sua vez, vê no PMDB um aliado para seus
projetos, que podem variar conforme os ventos da Operação Lava Jato. E,
finalmente, Aécio, que luta para não perder o foro e, com isso, ficar mais
perto da prisão.
É
nessa guerra de interesses mais imediatos que o PSDB, instado por metade de sua
bancada parlamentar e parte da opinião pública a tomar uma resolução, preferiu
fazer como a maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na
última sexta-feira: ignorar o rosário de fatos novos produzidos em ritmo
vertiginoso contra o governo e permanecer ao lado de um presidente que deixou
de lado sua agenda reformista para tentar salvar a própria cabeça. É um gesto
arriscado e que flerta com o abismo eleitoral.
Alckmin,
governador de São Paulo, um dos articuladores do
Alckmin,
governador de São Paulo, um dos articuladores do "fica"
SORTE
E CINISMO
A
política também é feita de sorte. Pela terceira vez no curso de pouco mais de
um ano de mandato, o presidente Michel Temer, caso se mantenha no poder até setembro,
terá às mãos a terceira oportunidade para escolher o seu julgador. Em janeiro
deste ano, depois da morte do ministro do Supremo Teori Zavascki, Temer indicou
para seu substituto na Corte onde correm processos da Operação Lava Jato o
então ministro da Justiça Alexandre de Moraes, apontado por Rodrigo Janot como
parte de uma ofensiva para barrar apurações conduzidas pelo Ministério Público
Federal e a Polícia Federal.
Já
em abril, com a saída dos ministros Henrique Neves e Luciana Lóssio do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), o peemedebista escolheu dois nomes do seu agrado para
as vagas. Entraram, então, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, que acabariam por
votar pela absolvição do presidente em julgamento realizado na última
sexta-feira, num placar apertado de 4 a 3 - caso pelo menos um deles tivesse
votado contra, o diploma de Temer teria sido cassado.
Dentro
de três meses, nova chance cai no colo de Temer, agora com o fim do mandato do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com quem o presidente tem travado
uma batalha encarniçada. Por tradição, o nome que ocupa a presidência do MPF é
escolhido numa lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR). Nada, porém, obriga o mandatário da República
a optar pelo primeiro da lista, tampouco limitar-se às alternativas oferecidas
pela entidade. Fugir dela seria imoral, mas não ilegal.
Essa
é uma decisão que pode definir o futuro do peemedebista. Do mesmo modo como,
bem escolhidos, os dois novatos do TSE deram uma contribuição valorosa para a
permanência de Temer na cadeira de presidente. Compete ao chefe da PGR
instaurar processos, apurar malfeitos de autoridade com prerrogativa de foro e,
quando não se verificam indícios suficientes de crimes, engavetar os inquéritos.
Nesse último caso, o País conheceu a notável trajetória de Geraldo Brindeiro,
que se popularizou como engavetador-geral da República quando esteve à frente
da PGR durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Publicado
originalmente no portal
O Povo Online
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