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2 de junho de 2017

Lula: “O ódio vem de cima. Não querem que a gente suba nem um degrau”

Lula afirmou que é papel do PT inspirar o povo (Foto: Lula Marques)
Na abertura do“6º Congresso Nacional do PT – Marisa Leticia Lula da Silva”, o ex-presidente Lula afirmou que “o que está em jogo não é apenas construir um diretório, o que está em jogo é a definição do que queremos para o Brasil”. Lula reiterou diversas vezes em seu discurso no Congresso, que começou na quinta-feira (1º), que o legado mais importante do encontro petista tem de ser uma clara mensagem “para os milhões de brasileiros que não estão presentes”.


“Ao discursar amanhã, não falem para vocês mesmos, falem para os milhões de brasileiros que não estão aqui e que precisam que o PT tome as decisões mais corretas e coerentes para voltar a despertar a esperança nesse povo”, afirmou o ex-presidente, se dirigindo aos delegados.

“A humanidade não caminha sem um sonho, não caminha se não tiver esperança”, acrescentou.

O modo petista contra a crise política
Lula afirmou que “imaginaram muitas vezes que era possível nos colocar no chão, que era possível nos massacrar e inclusive fazer com que o PT desaparecesse”.

Para ele, o Brasil não tem tradição de partido político, “tem tradição de um amontoado de interesses eleitorais”. “O único partido nacional que nasceu neste país foi o PT. O único partido de caráter nacional, sem menosprezo pelos outros partidos, foi o PT.”

Segundo Lula, “não dá para achar que o país vai resolver seu problema com um presidente ilegítimo, que só faz cortes”. “Às vezes, as pessoas falam que a gente não pode fazer mais do mesmo, mas, quando a gente voltar, vai ter que reconstruir tudo o que destruíram.”

Exaltando a história combativa do Partido dos Trabalhadores, Lula relembrou que o partido é atacado pela imprensa desde os primeiros anos, e citou a ocasião em que a legenda se recusou a votar em Tancredo Neves e ainda expulsou três deputados.

“Este partido não estava na contabilidade dos cientistas políticos, não estava na contabilidade dos nossos grandes sociólogos”, exaltou.

Segundo o ex-presidente, uma das diferenças fundamentais entre o PT e os partidos de esquerda tradicionais é que, em vez de colocar estudantes universitários nas fábricas, o partido começou a colocar o operário nas universidades “para ensinar aos universitários a consciência política”.

“O PT foi a melhor experiência do século 21 em políticas de inclusão social”, destacou.
Um Partido de e para todos
“Quando falo ‘o que queremos para o Brasil?’, falo do que queremos para o povo brasileiro, do que queremos para os índios, que são mortos acusados de invadir terras, quando nós que invadimos as terras deles”, afirmou o ex-presidente. “A violência voltou contra os índios”, alertou.

Para Lula, o Congresso “tem de definir políticas que deem conta dos quilombolas e dos negros. O PT tem que ter orgulho de falar com essa gente, eles esperam algo de nós. O PT tem que falar com as mulheres. Não é só fazer uma pauta de reivindicação, é falar de fazer política e de poder”.

Ele ainda destacou que “é preciso que esse congresso fale com o povo LGBT. Pessoas criminalizadas, afastadas. Eles votam, eles pagam impostos, mas na hora de ter direitos sociais, são marginalizados”.

Segundo o ex-presidente, “o preconceito não é nosso, o ódio não vem de baixo, o ódio vem de cima porque eles não querem que a gente suba nem um degrau na escala social. Agora eles não querem nem que a gente ganhe salário no campo, querem que a gente trabalhe a troco da comida!”

Para Lula, “estão destruindo tudo o que conquistamos porque parece que querem voltar ao trabalho escravo neste país. O PT neste momento tem que radicalizar o que puder na defesa do direito das pessoas viverem com decência”.

“Que Estado e que nação vamos construir se a gente não tiver um carinho especial pela educação?”, questionou o ex-presidente. “É a educação que vai garantir o futuro deste país. Precisamos cuidar da sociedade brasileira com o carinho com que já provamos que sabemos cuidar”, acrescentou.

Perseguição política
Com relação à Operação Lava Jato, Lula disse que não quer ver a militância se preocupando com um problema que ele considera pessoal.

“Isso quero resolver com o representante do Ministério Público e da Lava Jato. Já provei minha inocência, agora exijo que provem minha culpa. Cada mentira contada será desmontada”, afirmou, acrescentando que “um dia o Willian Bonner vai pedir desculpas ao PT por tudo que fizeram”.

O legado do 6º Congresso
Dirigindo-se aos delegados, Lula destacou a responsabilidade que têm durante o 6º Congresso, reiterando a importância de “saber se a gente vai ter capacidade de falar com mulheres e homens deste país, que estão esperando de nós um gesto, uma palavra e uma atitude para reestabelecer sua autoestima”.

“Eu queria que vocês lembrassem dos nossos sonhos. Estão tentando me condenar por tudo que eu tenho orgulho de ter feito”, afirmou o ex-presidente.

Lula relembrou como os governos petistas trabalharam pelo protagonismo do Brasil na América do Sul e no mundo, sem se submeter aos Estados Unidos ou à Europa.

“Por isso que o Chico Buarque falou uma vez: ‘Eu gosto deste governo porque ele não fala fino com os Estados Unidos e não fala grosso com a Bolívia”, relembrou.

“O PT tem que dar uma resposta clara para a sociedade. Tem que sair um programa que a gente possa ler em cada porta de fábrica, em cada porta de loja, em cada repartição pública e dentro do parlamento, mostrando que a gente tem solução para este país. É isso que os milhões que não estão aqui esperam de nós”, afirmou.

Finalizando sua fala, o ex-presidente defendeu que “nós não definimos coisas só para nós, pois não é para isso que existimos. Não estamos aqui para defender nossos interesses, estamos aqui para fazer propostas para o povo brasileiro”.

Além de agradecer a presença de parlamentares, prefeitos, governadores e militantes do PT e de partidos aliados, Lula relembrou a recente morte do intelectual Antonio Candido.

“Ele certamente merece muitas homenagens do Partido dos Trabalhadores. O Antonio Candido sempre esteve ao nosso lado, nunca vacilou em defender o PT”, destacou.

E avisou: “se essa elite não sabe resolver os problemas do país, nós sabemos, já provamos e já resolvemos”.


Com informações Agência PT de notícias

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