Tão
valorizadas no âmbito da Operação Lava Jato, as delações que já derrubaram
ministros e estremeceram a política de pouco valeram no julgamento da chapa
Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em
um movimento oposto às interpretações do juiz Sergio Moro, da opinião pública e
até de entendimentos do Supremo Tribunal Federal, a maioria dos ministros da
Corte optou por descartar as delações ao avaliar os autos.
Para
absolver a chapa das acusações, a maioria dos ministros não considerou que
houve abuso de poder e optou por ignorar as citações de repasse de propina para
a campanha e a compra de partidos para integrar a coligação que reelegeu a
petista e o peemedebista.
Especialistas
ouvidas pelo jornal O POVO apontam que esse movimento vai na contramão do que se tem
visto no Brasil, com cada vez mais rigor e cobrança da ética.
“A
Justiça estava caminhando para um certo rigor. Agora, eu acho que haverá uma
flexibilização do conceito de abuso de poder. Entendo que o contexto em que se
envolve o presidente da República é mais político. Pode ser que isso não seja
aplicado a outros casos”, argumenta a especialista da Universidade Federal do
Ceará (UFC) em Direito Eleitoral, Raquel Machado.
Ela
afirmou ainda que a decisão pode abrir um precedente ruim para outras
instâncias, porque o conceito de abuso de poder é subjetivo e pode se tornar
ainda mais, facilitando a absolvição de outros políticos corruptos. Diante do
clamor das ruas e de outras ações judiciais, lembra Raquel, o TSE acabou
alterando o combate à corrupção no País.
A
professora de Direito Constitucional do Complexo de Ensino Renato Saraiva
(CERS), Flávia Bahia, os ministros encontraram uma manobra processual para
absolver a chapa. “Acho que o TSE está dando uma lição errada quando resolve
não enfrentar os fatos, a situação. Mas também não acho que ele está formando
uma jurisprudência que será seguida. A jurisprudência brasileira é muito
volátil”, avaliou.
Flávia
destaca ainda que, apesar do julgamento histórico, o tribunal deixou de cumprir
papel importante no contexto político de busca do eleitorado pela ética.
O
relator Herman Benjamin, que pediu a cassação da chapa, ironizou a retirada das
citações sobre a Odebrecht do processo. “Eu, como juiz, recuso o papel de
coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o
caixão”, disse. Em depoimento ao TSE, Marcelo Odebrecht relatou ter repassado
R$ 150 milhões para a campanha de 2014.
Com
informações O Povo Online
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