Em
artigo publicado na Revista Consultor Jurídico o Procurador Geral de Justiça do Estado do Pernambuco, Francisco
Dirceu Barros, sustenta que a extinção de zonas eleitorais, aprovada pela TSE, é uma economia que vai gerar
impunidade, uma vez que provoca a fragilidade do combate à corrupção eleitoral.
Dirceu
Barros destaca ainda que prática de
corrupção eleitoral, pela sua significativa monta, desequilibra uma eleição,
fato que afronta drasticamente o regime democrático, portanto, sempre será
exigido da Justiça Eleitoral uma fiscalização rigorosa em todas as fazes do
processo eleitoral.
O
promotor lembra que pela portaria do TSE municípios com menos de 17 mil eleitores, que, em regra
geral, são a maioria do interior do Brasil e também as mais complicadas em uma
eleição municipal, terão a zona eleitoral extinta. As zonas eleitorais extintas
serão agrupadas em cinco cidades.
“Na
minha experiência atuando por 17 anos no exercício de Promotorias eleitorais, posso constatar que é impossível
um juiz e um promotor eleitoral desenvolver um trabalho eficiente em duas
cidades ao mesmo tempo” escreveu o procurador que é especialista em Direito
Eleitoral.
Dirceu
sustenta ainda que extinção de zonas
eleitorais em todo Brasil diminuirá também a quantidade de promotores e juízes
eleitorais que hoje estão engajados no combate a corrupção eleitoral, captação
ilícita de sufrágio, doação ilícitas, captação ou gastos ilícitos de recursos
de campanha, conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais e a
propaganda irregular.
“A
extinção de centenas de zonas eleitorais em todo Brasil entra na contramão do
histórico esforço que vem sendo realizado por ministros, juízes eleitorais,
promotores eleitorais e servidores, para termos uma Justiça Eleitoral célere,
séria e muito bem estruturada, voltada para estabelecer plena igualdade na
disputa eleitoral. Enfraquecer a Justiça Eleitoral é assinar um cheque em
branco, entregando-o nas mãos dos que mais desejam fomentar a impunidade neste
país: os políticos desonestos” escreveu.
Para
o promotor uma Justiça Eleitoral forte e bem estruturada é a grande ferramenta
que temos para combater a retrógrada, imoral, secular e quase costumeira
captação ilícita de sufrágio, trazendo em seu bojo a grande esperança de que os
políticos brasileiros entendam que a ética e a moral são as duas colunas que
devem dar sustentáculo a toda atividade desenvolvida pelo parlamentar.
“Constato,
a priori, que a pseudoeconomia provocada pela extinção de centenas de zonas
eleitorais irá provocar sérios gravames ao processo eleitoral e, destarte,
inibir a fiscalização das fraudes, da corrupção eleitoral, do abuso do poder
econômico e do abuso de poder político. Será um afronto total a necessidade de
proteção da lisura dos pleitos eleitorais e ao próprio Estado que se proclama
democrático e de direito, mas com uma mera portaria, oriunda de um desejo
monocrático, pode provocar um verdadeiro atentado a uma das principais colunas
do regime democrático, qual seja, uma eleição segura e livre de fraudes”
conclui.
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