O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou pedido de afastamento após revelação de que Temer acertou a compra de silêncio de Cunha (Foto: Antonio Augusto) |
O
deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na noite desta quarta-feira 17
na Câmara um pedido de impeachment de Michel Temer. A denúncia de crime de
responsabilidade ocorre após a mídia revelar que o atual presidente foi gravado
pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em diálogo no qual acerta a
compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. Além do impeachment, a
oposição cobra a renúncia imediata de Temer e a convocação de eleições diretas
para este ano.
No
pedido de impeachment, Molon reproduz a matéria de Lauro Jardim, de "O
Globo", que revelou a comprometedora conversa entre Joesley e Temer. O
deputado afirma que, "diante da gravidade dos fatos, é imprescindível a
instalação de processo de impeachment para apurar o envolvimento direto do
Presidente da República para calar uma testemunha."
À
CartaCapital, Molon afirma que "não há denúncia mais grave do que
essa". "Um presidente da República pedindo que um empresário continue
pagando propina para que um criminoso não conte o que sabe a respeito dele. É
uma situação grotesca, mais grave que se pode imaginar numa República. O seu
comportamento fere seu dever de probidade e o decoro, a honra que o cargo
exige, e também trata-se de obstrução de Justiça."
O
senador Lindbergh Farias, do PT, afirma que "o governo acabou" e
defendeu eleições diretas já neste ano. "Não podemos aceitar uma saída
autoritária, via eleição indireta pelo Congresso. Temos um caminho nesse
momento, que é consultar o povo e antecipar para outubro de 2017 o processo
eleitoral, chamar eleições. "
O deputado Carlos Zarattini, lider do PT na
Câmara, afirmou que a impunidade do governo foi "desmascarada" e
também fez coro por Diretas Já. " Agora fica claro que esse governo não
tem legitimidade para continuar governando. Chegou ao ponto final. Se o ponto
final não for dado pela sua própria renúncia, será dado por essa Câmara e esse
Senado através de um processo de impeachment. Nós não aceitamos também que se
resolva a sucessão por eleições indiretas. A posição do PT é por eleições
diretas. Temos que votar Uma PEC que estabeleça eleições diretas
imediatas"
Para
a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), as denúncias "são uma bomba que cai
sobre eles". "A partir de agora, espero que as forças democráticas
representadas nesta Casa, com um direta articulação com a sociedade civil
organizada, os movimentos e o fórum de partidos que estejam conduzindo este
processo, rejeite essa pauta que estava sendo seguida, de reforma da
previdência e trabalhista, todas elas que estavam sendo jogadas por esse
presidente ilegítimo, corrupto e golpista. É uma oportunidade para que o País
retome o seu curso natural"
Segundo
Chico Alencar (PSOL-RJ), a "pinguela ruiu". "Ela estava sobre um
pântano, que é o governo Michel Temer. Falo 'era', porque a marca de passado,
de superado, de decrépito ficou estampada carimbada e gravada." Ele
defendeu ainda um esforço pela transição democrática.
Em
nota, o Palácio do Planalto afirma que Temer "jamais solicitou pagamentos
para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. "(Temer) não
participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação
ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar." Segundo o Planalto, o
diálogo no encontro em março com Joesley não teve "nada que comprometesse
a conduta do presidente da República".
Com
informações Carta Capital
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