A manifestação da Avenida Paulista foi organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo (Foto: Rovena Rosa) |
Manifestantes
ligados a centrais sindicais e a movimentos de esquerda se reuniram ontem (21/05)
em diversas cidades do país. Eles protestaram contra Temer e a
favor de eleições diretas. As manifestações foram motivadas pela delação
premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. No sábado (20/05), o
presidente Michel Temer afirmou que segue na Presidência da República e pediu
ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do inquérito que o investiga.
Servidores
de diversas categorias do estado do Rio e representantes de sindicatos se
reuniram na Praia de Copacabana, próximo do Hotel Copacabana Palace. De acordo
com Ramon Carrera, um dos líderes do Movimento Unificado dos Servidores
Públicos Estaduais (Muspe), que organizou o ato, a entidade já tinha marcado o
encontro há duas semanas para protestar sobre a situação precária dos
servidores do Rio, que enfrentam atrasos de salários e falta de condições de
trabalho.
A
manifestação era também para pedir o impeachment do governador Luiz Fernando
Pezão. Segundo Carrera, com os últimos acontecimentos no país, o ato serviu
para também protestar contra o governo federal.
“Era
um ato contra o governo Pezão e contra a corrupção instalada no Rio de Janeiro,
que ajudou a quebrar o estado. No meio da convocação, feita há duas semanas, a
gente teve essa avalanche no governo federal, o que, para nós, é motivo de
muita tristeza."
Carrera,
que é também diretor-geral do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do
Estado do Rio de Janeiro (Sindjustiça), destacou que a Lei de Recuperação
Fiscal dos Estados, aprovada pelo Congresso e sancionada sexta-feira (19) sem
vetos pelo presidente Michel Temer, ainda terá de passar por votações de
medidas complementares de austeridade do estado como contrapartidas para assegurar
a negociação das dívidas, entre elas o aumento da contribuição previdenciária
dos servidores e o congelamento de reajustes salariais para as categorias.
A
nova legislação é apontada pelo governador Pezão como fundamental para colocar
o pagamento dos servidores em dia. Para o integrante do Muspe, há medidas que
poderiam ser adotadas e não provocar uma pressão sobre a população e
servidores. “Os exemplos são cobrar o crédito da Lei Kandir, da ordem de R$ 50
bilhões, a divida ativa, de R$ 66 bilhões, fazer o enfrentamento e rever as
isenções fiscais”, disse.
De
acordo com Carrera, a manifestação foi apartidária e custeada pelos sindicatos
que vivem da contribuição dos servidores. Durante o ato foi estendida uma faixa
branca para que os manifestantes escrevessem mensagens ou registrassem seus
protestos.
Um
outro grupo de manifestantes se concentrou em frente à estação do metrô de São
Conrado, seguindo pela orla do bairro da zona sul carioca até o prédio onde
mora o presidente da Câmara dos Deputados, Rocrigo Maia (DEM).
Em
Belo Horizonte, os manifestantes se reuniram às 9h na Praça da Liberdade e
seguiram para a Praça Sete, tomando ruas do centro da capital mineira. Assim
como o ato realizado na última quinta-feira (18), a convocação foi realizada
pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, grupos que reúnem
centrais sindicais, sindicatos, organizações estudantis e entidades dos
movimentos sociais.
O
principal mote dos manifestantes foi o pedido de eleições diretas. "Só o
voto popular pode resolver essa imensa crise política, resgatar a democracia e
credibilidade na principal instituição brasileira" informava a convocação
nas redes sociais.
Segundo
Beatriz Cerqueira, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores
(CUT-MG), a eleição indireta não resolve a crise no país. "Na eleição
indireta, o Congresso elegerá o presidente da República e na sequência aprovará
as reformas da Previdência e trabalhista. Por isso, para nós a única saída é
ocupar as ruas gritando Diretas Já. Queremos de volta o direito de eleger o
presidente", disse.
Para
a sindicalista, o país vem piorando. "Essa tem de ser uma luta de todos os
brasileiros. São 14 milhões de desempregados. Por isso também queremos reformas
do Judiciário, tributária, porque o pobre é quem mais paga imposto hoje no
Brasil, e política, porque os deputados e senadores estão sempre votando contra
os interesses da população."
Na
capital pernambucana, o ato ocorreu no Marco Zero da cidade, localizado no
Recife Antigo. De acordo com Carlos Veras, presidente estadual da Central Única
dos Trabalhadores (CUT), uma das organizações que convocaram a mobilização, já
se previa que hoje não haveria uma adesão massiva.
"O
grande ato foi na quinta. Queremos dialogar com as pessoas que vêm ao Marco
Zero [local turístico e de lazer] e nos mobilizarmos rumo à Brasília para o ato
por Diretas Já do dia 24."
Em
São Paulo, o ato pelas Diretas Já e contra o governo federal ocorreu sob forte
chuva. Os manifestantes tentaram se proteger da chuva embaixo das marquises ou
usavam guarda-chuvas e capas de chuva. O ato, convocado pelas frentes Brasil
Popular e Povo sem Medo, teve início por volta das 15h e foi encerrado às 18h.
O
principal caminhão de som foi instalado ao lado do Museu de Arte de São Paulo
(Masp), na Avenida Paulista, e nele discursaram líderes do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), políticos e integrantes de centrais sindicais,
entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Intersindical.
Segundo
Edson Carneiro Índio, secretário-geral da Intersindical, o ato defende a saída
do presidente da República, a convocação de eleições diretas no país e a
imediata interrupção da tramitação das reformas trabalhista e da Previdência.
"Esse Congresso não tem a menor condição de aprovar essas mudanças que
mexem com a vida do povo e nem de escolher um novo presidente”, afirmou
Carneiro Índio.
Presidente
da CUT, Vágner Freitas disse que a chuva atrapalhou muito, mas defendeu a
importância da mobilização. Para Freitas, as eleições diretas no país seriam
possíveis por meio de uma emenda popular. Ele disse ainda que as centrais
sindicais e os movimentos sociais continuarão mobilizados no país e pretendem
fazer um grande ato na próxima quarta-feira, em Brasília. “Vamos continuar a
mobilização e nas ruas até ter eleição direta”, concluiu.
Com
informações Agência Brasil
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