O
deputado Eduardo Bolsonaro (PSC/SP) apresentou, ontem (23/05), no
Plenário da Câmara dos Deputados, um Projeto de Lei que criminaliza o
comunismo. O PL 5358/2016 altera a redação da Lei nº 7.716 de 5 de janeiro de
1989 , que trata dos crimes de preconceito de raça ou de cor e da Lei nº
13.260, que tipifica o crime de terrorismo - de 16 de março de 2016, para
"criminalizar a apologia ao comunismo".
Nos
artigo 1º e 20 da Lei 7.716, que determina a punição para os crimes resultantes
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional, o projeto prevê a inclusão de punição para "fomento ao embate de
classes sociais".
Para pesquisadores, o projeto reforça o extremismo
radical. Em
outro ponto da Lei, a alteração proposta equipara apologia ao comunismo à
apologia ao nazismo.
Para
a deputada Luciana Santos (PCdoB/PE), o projeto trata-se de uma provocação e
deve ser ignorado, pois não terá força para ser aprovado pela Câmara. "São
idéias reacionárias, retrógradas, que a história enterrou e argumentos sem
fundamentos de pessoas que chegaram a defender a tortura, o autoritarismo e o
Golpe Militar. Um governo golpista como o do Temer só pode ter como aliado uma
pessoa como essa que, na prática, quer criminalizar os movimentos e
inviabilizar a liberdade de expressão", afirma a deputada.
"Comparar
o nazismo ao comunismo é uma junção de má fé e completa ausência de
conhecimento da natureza desses regimes. O símbolo da foice e do martelo na
verdade é uma aliança entre os trabalhadores do campo e dos trabalhadores
urbanos que também deve ser de desconhecimento do deputado", considera a
deputada Lucina Santos (PCdoB/PE).
Na
Lei 13.260, a alteração visa incluir o "fomento ao embate de classes
sociais" na tipificação de terrorismo.
O
projeto de Lei também pede a supressão do parágrafo que considera que
movimentos socias e reivindicatórios da sociedade civil não devem ser
considerados terrorismo.
"Não
se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria
profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando
a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender
direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação
penal contida em lei", diz o parágrafo.
O
projeto também acrescenta à Lei Antiterrorismo o seguinte parágrafo que
enquadra como crime "fazer apologia a pessoas que praticaram atos
terroristas a qualquer pretexto bem como a regimes comunistas".
Para
a deputada do PCdoB, a supressão desse artigo tira o direito de manifestação
daqueles que se sentem excluídos frente às medidas do atual governo. "Eles
querem que as pessoas que assistem aos seus direitos serem negados e retirados
simplesmente se calem. Isso é típico do autoritarismo, não tem nada a ver com
liberdade de expressão e a luta por direitos que nosso país tanto merece",
afirma.
Na
justificativa do projeto, o deputado faz referência à repressão aos comunistas
durante a Ditadura Militar (1964-1985). No texto, o deputado classifica de
"canalhas", os comunistas que lutaram contra o regime autoritário.
"A mentira é o oxigênio desses canalhas travestidos de idealistas do bem
comum", diz.
Ao
falar sobre a prática de tortura pelo regime militar no combate aos
dissidentes, o deputado afirma que "O Estado brasileiro teve de usar seus
recursos para fazer frente a grupos que não admitiam a ordem vigente". Em
outro trecho afirma que "eventuais excessos" cometidos pelos
militares foram "apurados e punidos como de praxe se faz na caserna",
diferente do que foi apontado no relatório final da Comissão Nacional da
Verdade.
Lucina
Santos considera que essa é uma postura esperada do deputado Bolsonaro.
"Uma pessoa que defende a tortura não pode se considerar a opinião sobre
qualquer que seja o assunto relativo à condição humana", considera.
O
texto ainda trata do guerrilheiro comunista Carlos Marighela, assassinado pelos
militares, como um "fascínora sanguinário" e defende o torturador
Carlos Alberto Brilhante Ustra, elogiado pelo seu pai, o também deputado Jair
Bolsonaro (PSC/RJ), durante a votação do processo de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados.
"Os
mesmos que defendem e exaltam Fidel Castro, Che Guevara, Carlos Lamarca, Carlos
Marighella, dentre outros facínoras sanguinários, são os que se escandalizam
com referências ao Coronel Carlos Alberto brilhante Ustra", diz.
Ainda
em sua parte de justificativa, o texto equipara o comunismo ao nazismo e prega
que ambos devem ser combatidos da mesma forma. "O Comunismo é tão nefasto
quanto o Nazismo e, se já reconhecemos em nosso ordenamento jurídico a objeção
ao segundo, devemos também fazê-lo em relação ao primeiro".
Com
informações Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.