O
PT caminha para renovar suas direções sem saber bem qual rumo tomar. A situação
do partido é dramática e preocupa nomes históricos da legenda. Os petistas
dispõem hoje de um e apenas um trunfo: a candidatura de Luiz Inácio Lula da
Silva a presidente em 2018. Não é pouca coisa, mas é uma arma instável,
incerta. E insuficiente para sustentar um partido que se pretende a maior
organização de esquerda da América Latina. Cuja tábua de salvação reside em um
ex-presidente que deve ser candidato pela sexta vez e que é réu em cinco
processos.
A
coluna conversou com um histórico e decepcionado, que observa com desalento os
rumos da sigla. O PT se fez forte pelo enraizamento social. Isso não existe
hoje. Não foi retomado, ao contrário do que possa parecer. Não há acompanhamento
ou apoio técnico aos mandatos de prefeitos e governadores, as potenciais
vitrines petistas. Observe-se o caso cearense, no qual o governador Camilo
Santana adota políticas nem um pouco identificadas com o PT. Foi buscar seu
gerente no PSDB - o secretário do Planejamento, Maia Júnior.
Em
momento tão crítico, observa esse petista com quem a coluna conversou, seria
momento de o partido se reencontrar com seus princípios e radicalizar posições.
Pelo contrário, num governo gerenciado por um tucano, ninguém fala nada. Nem
Luizianne Lins, que não é alinhada com o grupo do governo, manifesta-se a
respeito.
Um
dos motivos para a letargia geral petista, na opinião desse interlocutor da
coluna, é bastante pragmático: faltam empregos para a militância. Durante 13
anos e meio de poder, os filiados dispuseram de muitos cargos. Houve uma
geração de petistas que entrou no mercado de trabalho por meio de funções
comissionadas federais. Outros tantos passaram a ter salário de nível do qual
não dispunham antes. Na iniciativa privada, essas pessoas têm tido dificuldade
de obter colocação similar. “Desaprenderam a procurar emprego”, resume esse
petista.
Então,
grande parte da disputa travada hoje pelas direções petistas representa a briga
pelo que sobra do PT. Embate pelos resquícios da burocracia partidária. De modo
que dificilmente, nesse quadro, alguém terá disposição para confrontar quem tem
cargos a oferecer. É triste.
A
senadora Gleisi Hoffman (foto) foi escolhida pelo grupo hegemônico no PT como
candidata a presidente nacional da legenda. Ela é investigada na Lava Jato.
Antes de ela ser escolhida para concorrer, a ala que controla o partido cogitou
lançar Márcio Macedo. Trata-se do atual tesoureiro do partido. Seria uma
esquisitice só. Escolher como condutor nessa travessia um burocrata da máquina
petista. Em momento no qual as contas de campanha estão no centro de escândalos
de proporções avassaladoras.
A
disputa, no fim das contas, deve ser travada entre Gleisi e o senador Lindbergh
Farias. São, pelo menos, nomes políticos. Além de toda a crise ética, o PT se
perdeu politicamente. Quando partido e governo se confundiram, deixaram de
existir nomes que pensem a legenda. A renovação das direções poderia ser o
espaço de reversão desse caminho. Dificilmente será.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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