Maia, Temer e Eunício durante evento no Palácio do Planalto (Foto: Pedro Ladeira) |
Os
83 inquéritos que tiveram abertura determinada pelo ministro Edson Fachin não
permite que as instituições brasileiras continuem a funcionar normalmente e não
é bom mesmo que elas continuem a atuar como se nada tivesse acontecido.
Praticamente um terço do ministério de Michel Temer (PMDB) está enrolado nas
investigações. E é o terço de cima, com os nomes mais influentes e mais
próximos ao presidente da República. Estão ainda na lista o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, o cearense Eunício
Oliveira (PMDB).
Estão
juntos os comandos políticos do País no passado e no presente. Obviamente, os
do passado precisam ser punidos pelas denúncias que vierem a ser confirmadas
contra eles. Mas minha preocupação mais imediata é com quem está no poder no
presente. Por isso, imagino que a possível paralisia temida por muitos pode ser
a maior bênção do momento.
Porque
esse Congresso Nacional e esse governo sob suspeita não têm autoridade, não têm
moral, nem legitimidade para promover as mudanças que se propõem a fazer. Ou
vai ser essa relação de suspeitos que irá reformar a Previdência para trazer de
volta a saúde fiscal ao Brasil? Para superar a crise na qual têm carradas de
participação? Serão esses alvos de inquérito que irão promover a reforma
política com objetivo de aperfeiçoar as instituições, aprimorar o processo
democrático e evitar que se repitam escândalos de corrupção como esse do qual
são acusados de se favorecer? Será essa gente? Sério mesmo?
Parar
tudo, resolver essa série de escândalos, depurar o governo e o Congresso para
depois promover reformas é o melhor que pode acontecer agora. É isso ou fazer
reformas estruturais, de longo prazo, concebidas pelos investigados da Lava
Jato.
Não
penso que isso vá ocorrer espontaneamente. Não imagino os investigados se dando
conta da própria falta de condições para fazerem aquilo a que se propõem. Pelo
contrário, usarão o poder e as prerrogativas para se proteger. Essa é a
tragédia brasileira.
Dificuldade
para que se aguarda a necessária depuração é o ritmo dos trabalhos do Supremo
Tribunal Federal (STF). Claro, é preciso responsabilidade, critério, garantir o
direito de defesa a todos, inocentes até que se prove o contrário. Porém, mais
de dois anos após a primeira lista de inquéritos da Lava Jato, apresentada por
Rodrigo Janot, só cinco dos mais de 50 listados viraram réus. Ninguém foi
condenado. Se for nesse ritmo, a lista de Fachin (foto) demorará a ter efeitos
práticos. Quando ocorrer, pode ser tarde demais.
Eunício
Oliveira está entre os mais reluzentes nomes da lista de Fachin. Como
presidente do Congresso Nacional, pode haver nomes com peso semelhante ao dele,
mas não maior.
Outro
cearense listado é Paulo Henrique Lustosa. Nunca foi personagem de primeira
grandeza na política estadual. É filho do ex-presidente da Fundação Nacional de
Saúde (Funasa), Paulo Lustosa. Além de deputado federal, foi gestor da área do
meio ambiente do governo Cid Gomes (PDT), indicação que ninguém entendeu, para
além das acomodações políticas.
Além
da encorpada relação de ministros, a lista inclui ex-ministros de Michel Temer
que deixaram o cargo, como Romero Jucá (PMDB-RR), demitido do Planejamento já em
função da Lava Jato, e José Serra (PSDB-SP), que deixou as Relações Exteriores
alegando problema de saúde.
Sem
falar do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o filho dele,
Renan Filho (PMDB), governador de Alagoas; os ex-presidentes da Câmara Marco
Maia (PT-RS) e Arlindo Chinaglia (PT-SP); o ex-ministro Guido Mantega (PT),
dirigente da Fazenda nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma
Rousseff (PT); o ex-ministro do Planejamento de Lula e das Comunicações de
Dilma, Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann, mais cotada para ser
eleita presidente do PT. Outro nome é José Dirceu (PT), ministro da Casa Civil
no começo do governo Lula. Também está na lista o senador Antônio Anastasia
(PSDB-MG), relator do impeachment de Dilma Rousseff. Sem falar de Aécio Neves,
presidente nacional do PSDB.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.