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15 de abril de 2017

"Dilema: Temer ou o povo?" por Mauricio Dias

A fantasia publicitária, claramente assumida por Michel Temer, expõe-se à gula da mídia, mas engana a poucos. Ele se ilude com os conselhos dos marqueteiros diante da aproximação, em maio, do primeiro ano de governo. É preciso presidente otimista seria a regra. Mesmo sem o sorriso de JK.

Parece mesmo que, diante de um cenário ruim, Temer está condenado a se aplicar um treinamento diário diante do espelho, para sustentar falsas afirmação e confiança no futuro.

A mais recente manifestação disso ocorreu a partir da modesta nota de crédito da Petrobras, B2 para B1, na classificação de risco Moody’s.

Em seguida ao resultado, ele tuitou, orgulhoso: “O País está no rumo certo”.

Dias antes, solicitado a fazer a avaliação do governo no primeiro ano de poder, não titubeou: “Não cometi nenhum erro. Cometi acertos”. Talvez não saiba que em bom português duas negações afirmam.

Muito vivo esse falso cândido. Ele sabe que está na contramão dos fatos. Os números das pesquisas mostram o quanto está afastado das agruras da população e até mesmo da angústia de alguns empresários e de outros setores da economia. O que parece bom para Temer é ruim para o País.

A popularidade dele, já pequena desde a ascensão ao poder, está em queda devido aos resultados altamente negativos em todas as regiões do País. E, claro, Temer paga também pela frágil confiança da população com 17% e a desconfiança de 79%.

Na pesquisa Ibope, há uma curiosa resposta dos entrevistados em relação à política de combate do governo, tanto à inflação quanto ao desemprego. A inflação está em queda, proclamam aqui e acolá.

GráficoHá uma reação massacrante do governo na pesquisa: 72% desaprovam e 23% aprovam o combate à inflação. No caso do desemprego, a resistência é ainda maior: 77% desaprovam e 20% aprovam (tabela).

Existe uma conexão flagrante entre as duas respostas recolhidas pelos pesquisadores sobre esses temas. A sociedade identificou na inflação o efeito provocado no emprego.

Há outro vínculo curioso nestes problemas fundamentais da crise econômica.

As maiores resistências à obsessão do governo com a cartilha do neoliberalismo são as de brasileiros com idade entre 25 e 44 anos de idade. É o que mostram os dados da pesquisa nos itens da idade, da escolaridade e da renda familiar.

Essa situação aumentou o julgamento negativo de Temer. Isso, independentemente do ministério de indesejáveis montado e desmontado. Boa parte deles incluída na lista de Fachin. Michel Temer faz ouvidos moucos à voz do povo.

Essa extrema resistência ao governo, só deixam duas saídas. Ou  trocar o Temer ou trocar o povo.

Publicado originalmente no portal Carta Capital

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